quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Esta flor do Lácio

Inculta e bela, nossa língua tem suas manhas e melindres. Aprendê-la exige empenho e atenção. Arthur vai percebendo isso e, pelo caminho, deixa coisas graciosas.

Outro dia estávamos aqui em casa e ofereci melancia. Acho que é a fruta favorita dele e nunca ouvi uma recusa. Cortei, coloquei no potinho e ele pediu:
 Mamãe, me dá um palhaço?
— Como é que é, meu filho?
— Por favor.
Eu ri da regra de ouro em aplicação, mas continuei sem entender patavinas.
— Mas o que você quer, meu querido? Não entendi.
— Palhaço, mamãe. Para pegar a melancia assim...
— Ah, palito. Você quer um palito.
— Isso, mamãe. Por favor.

✼   ✼   

Hoje, eu e pequeno brincávamos de carrinho e a porta de um dos brinquedos desencaixou.
— Ih, filho. Quebrou.
— Deixa que eu conserto.
— Ok.
Mexe, remexe, se esforça. Frustrado, passa o carrinho para mim.
— Me ajuda, mamãe?
— Claro.
Mexo, remexo, me esforço e também me frustro.
— Arthur, não estou conseguindo. Vou precisar de um instrumento para conseguir encaixar a porta.
Ele se levantou e danou a vaguear pelo quarto, nitidamente procurando alguma coisa.
— O que foi, filho?
— Estou procurando o meu chocalho.

♥   ♥   

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Projeto de ciências para toddler (inspiração Monterssori)

Arthur anda numa fase dinossauro.
É um tal de ficar fazendo "rooooarrrrr" pela casa, de olhar fascinado pelos adesivos que entreguei a ele e de se sentir feliz da vida ao brincar com uns dedoches coloridões que ganhou! Mas da coleção de adesivos de dinossauro, o favorito não é o estegossauro, nem o o tiranossauro rex, muito menos o pterodáctilo. Ele fica intrigado mesmo é com o vulcão. Vira e mexe vai lá e pega o adesivo e fica olhando com bastante atenção para a imagem. Não sei muito bem o que se passa na cabecinha dele, mas achei por bem falar um pouco sobre vulcões com ele. Comecei e... putz. Meio abstrato, né? Como explicar um vulcão para uma criança de 2 anos e 7 meses?
Então, tive uma ideia. Coloquei ele para assistir a um vídeo com imagens de vulcões de verdade, falei sobre o magma, sobre as cinzas e a fumaça e convidei meu pequeno para fazer comigo um vulcão de mentirinha.
No começo ele não topou muito, ficou mais interessado em parafernálias que encontrou na cozinha e, dado o modo como eu selecionava objetos aleatórios pela casa, achou por bem recolher seu próprio material de trabalho (que vocês podem ver ao fundo de algumas das fotos: fita métrica, gancho de parede, parafusos e uma tampa de embalagem de plástico). Houve um pouco de resistência, mas nada que as palavras mágicas não dessem jeito. Quais palavras? Tesoura e canetinha. Objetos usados com parcimônia e somente sob supervisão aqui em casa, por isso, objetos com aquele gostinho de novidade.

O projeto teve alguns objetivos:

* Criar um momento gostoso de brincadeiras para nós dois;
* Instigar a curiosidade a respeito de como as coisas funcionam;
* Apresentar a ideia de áreas de conhecimento (ele teve um "Projeto de arte" na escola e ficou fascinado);
* Trabalhar a coordenação motora e a auto-confiança;
* Mostrar relação de causa e efeito;
* Estimular a curiosidade e o interesse a respeito de ciências naturais.

Ufa!

O resultado foi uma tarde bem gostosa, cheia de risadas e com alguma bagunça.

Quer fazer um projeto de vulcão para o seu toddler também? Eu conto como fiz o meu para você se inspirar!

Materiais:

- Um tabuleiro (ou bandeja, ou plástico grande para forrar o local de trabalho e minimizar a sujeira);
- Uma garrafinha pequena (pode ser de água mineral ou achocolatado. Quanto mais baixinha, melhor.);
- Bicarbonato de sódio (quanto bastar para encher entre 1 e 2 dedos da altura da garrafa);
- Vinagre (meio copo - eu usei corante alimentício para maior dramaticidade);
- Um saco de papel pequeno (saco de pão serve muito bem);
- Canetinha;
- Tesoura sem ponta.


E agora?

1) Pegue o saco de papel e "vista" a garrafa com ele. Com a canetinha, marque a circunferência da boca da garrafa no fundo do saco. Recorte. Aqui em casa, Arthur marcou a circunferência e recortou.


Se for preciso, ajuste o comprimento do saco de acordo com a altura da garrafa. Aqui em casa precisamos cortar um pedaço e dobramos o que sobrou.

2) Peça a seu toddler que decore o saco de papel com os veios de lava. "Vista" a garrafa com o saco, passando a boca pelo buraco que você abriu. A garrafa vai ficar lindinha, como se estivesse de vestido.


3) Peça que seu toddler coloque o bicarbonato de sódio dentro da garrafa. (Eu confesso que me surpreendi com a coordenação motora dele. Quem acabou derramando um monte de bicarbonato em cima da garrafa, afinal, fui eu. Acho que vou aproveitar quando Arthur estiver na creche para ficar fazendo umas atividades para aprimorar minha coordenação motora fina.)


4) Peça que seu toddler despeje o vinagre dentro da garrafa com bicarbonato. (Lembre-se de gentilmente explicar ANTES o que vai acontecer. A reação vinagre + bicarbonato pode dar um susto pelo efeito inesperado e acabar transformando a brincadeira em choro. Aqui em casa, Arthur não quis jogar o vinagre. Preferiu se afastar um pouco para ver o que ia acontecer com aquele vulcão.)



Corre, dino! O vulcão entrou em erupção!

Depois que viu o vulcão entrando em erupção, com toda aquela efervescência maravilhosa, quis brincar de novo. Expliquei que não dava para reaproveitar o vinagre e o bicarbonato, mas que a gente poderia refazer tudo, se ele quisesse.


Ele quis.



Então escolhi um pote transparente, para que ele pudesse ver todo o processo. E desta vez ele fez questão de colocar o bicarbonato e despejar o vinagre.

Por fim, grande parte da brincadeira foi sentir as bolinhas estourando sob os dedos, perceber a textura do bicarbonato semidissolvido, colocar o dinossauro para brincar na lava e notar que as mãos ficaram tingidas de vermelho.


Eu avisei, dino!