sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A sofrência da reta final

(Chutei o balde da cronologia dos posts.)

Esta gravidez não está sendo de fritar bolinho.
Se por um lado não tenho problemas graves, felizmente, por outro, os desconfortos gravídicos me abalaram bastante.
Acho tem muito a ver com o fato de estaremos em um país estrangeiro, sozinhos, e também com a situação calamitosa do mundo como um todo — muita gente pesada e medíocre ganhando destaque por aí, valores distorcidos, falta de empatia e amor ao próximo, essas coisas.
Estamos aqui em tempo real com 35+4 e anteontem foi um dos dias mais difíceis desta gravidez.
Passei a madrugada de terça para quarta com muita, muita, muita falta de ar! Nenhuma posição trazia conforto ou alívio. Tentei andar, tentei sentar, deitar, ficar reclinada, empilhar travesseiros e deitar só a cabeça... Nada! Não dormi. E tive uma crise de ansiedade por conta disso, porque achei que estivesse morrendo, que meu coração estivesse entrando em colapso, que meu corpo fosse sucumbir ao desgaste que é crescer, nutrir e gerar uma criança a partir de duas míseras células. Quase fui ao hospital. Passei muito mal mesmo! E, por isso, é óbvio, quarta-feira não foi um dia fácil para mim também. Passei o tempo todo ofegante, sentindo que o ar não chegava, com tonturas e, no fim do dia, tive uma crise de hipoglicemia porque não sinto fome, já que meu estômago praticamente inexiste (minha altura uterina mandou beijo para todos e já não existe mais na medida média da tabela, só na medida máxima da semana 42), e quando como tenho azia e muito incômodo com o esvaziamento gástrico tão devagar.
Aí, bateu um pânico horrível. Junto com o medo de morrer, de ter algo errado comigo, veio o medo de ficar nesse estado de miserabilidade até 41 semanas, como foi com Arthur!  Imaginei passar mais seis semanas sem comer e sem dormir, ansiosa, com medo, me sentindo mal, sem sair da cama, e mesmo assim exausta e esgotada.
Aí, ontem (quinta), bebê 2 encaixou. Liberou espaço. Chegaram minhas vitaminas com ferro. E hoje tive um dia cheio de cólicas, dores perto do osso púbico, peso e desconforto ao sul do Equador, mas muito menos falta de ar. Espero que este menino continue assim, encaixado, me dando espaço, me ajudando a ter ânimo para chegar aonde quer que ele queira chegar.
Até lá, sigo respirando, tentando encontrar espaços numa vida que está pesada e cheia de demandas externas e angústias internas, sigo fazendo duas terapias por semana (uma individual e outra individual), sigo também com acompanhamento de cardiologista e consultas semanais com as midwives. Só espero que bebê 2 venha um pouco antes de 41 semanas, porque está cansativo demais, e eu estou pronta para nunca mais ser uma grávida.