quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Check listing na madrugada

 Uma e vinte e cinco e cá estou de novo insone.

Vamos ao check list da mudança:

- data: 1 de setembro

- apartamento: ✅

- escola das crianças: 😭😭😭❌

- trabalhos entregues: 0 de 4

- vistos: ✅

- passaportes: 3 de 4

- identidades: 3 de 4

- malas prontas: 0 de 4

- exames completos: 5 de 8

- doença autoimune detectada às vésperas da viagem: ✅ 😭😭😭


Resumo: caos, caos, pânico, desespero, angústia, insônia, caos, não vai dar tempo.









terça-feira, 9 de agosto de 2022

Preparando a partida

 São duas da manhã. Achei que fosse dormir cedo hoje. Tenho tido muita dificuldade para dormir porque passo horas listando as pendências, repassando as listas, tentando equilibrar os pratinhos dos prazos.

Hoje eu achei que fosse dormir cedo. Mas meu cachorro vomitou e cá estou.

Amanhã será um longo dia, mas não vou poder beber muito café porque hoje, estando cansada e precisando fazer mil coisas, bebi muito café e fechei a tarde com uma crise de ansiedade: palpitação, aperto no peito, sensação de morte.

Passou. 

A semana vai ser intensa, pesada.

O que me resta é respirar fundo, ir lidando com as urgências conforme elas aparecem e torcer para dar tudo certo.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Gincana da viagem

 Parece gincana, desafio, teste de aptidões e limites. Parece corrida, maratona, prova de resistência. Parece um lugar novo, embora muito familiar.

Faltam menos de dois meses para a mudança. Com certeza não temos mais dois meses de Brasil, mas ainda não sabemos exatamente quando vamos.

No momento, temos: passaportes. Não todos, ainda faltam dois. Mas é isso. Não temos apartamento alugado, passagens compradas, visto carimbado, móveis, matrícula nas escolas, nada disso. Temos um carrinho com colchão e escrivaninha na Amazon e uma sacola com toalhas e lençóis que uns amigos nos deram na casa de outros amigos. O carrinho é pra gente não chegar sem nada, numa casa completamente vazia. Também devem ter umas panelas, uns talheres, coisas de cozinha, porque tem sempre gente se mudando.

As malas estão longe de estarem prontas. Os trabalhos se acumulam com tantas e tantas urgências pipocando todos os dias.

Pegamos viroses (não covid), atrasamos coisas no trabalho, desmamei completamente o Gael e tô apertadíssima de grana (quem não está?).

Será que vai ter passagem? Será que o voo vai ser tranquilo? Será que vamos conseguir o apartamento do qual gostamos? Será que compro casaco agora ou mais pra frente? 

Uma amiga de lá está grávida! Que loucura! Vai ser lindo estar lá quando o bebê nascer. Vai ser incrível poder ajudar, poder retribuir a ajuda de quando eu fui a puérpera.

Será que vou conseguir um emprego? O que será da gente em 2023? Gael vai gostar? Que bom que ele já sabe um pouco de inglês, pelo menos chega com alguma referência! Arthur está quase indo pra middle school! Onde vamos passar o Natal? Não posso esquecer de levar um estoque de farofa. Saudades do meu pai, que comprava farofa, mate e paio para eu levar na mala.

Vai ser difícil fazer outra mudança daqui a um ano. Tomara que minha família fique bem por aqui no Brasil. Tomara que o Brasil fique bem. E que eu fique bem por lá. Não deu tempo de ir aos médicos que eu queria. Vou fazer o que der nesses 40 ou 50 dias que ainda temos. Pensei em fazer um diário, mas não cabe na minha vida mais uma tarefa, um compromisso. Eu mal consigo cumprir o essencial. Em setembro, lá pelo dia 20, eu acho que consigo tirar umas mini férias, passar uns três dias sem fazer nada, olhando pro teto. Mas até lá, até lá é gincana, maratona, prova de resistência, insanidades cotidianas e burocráticas que não acabam quando pisarmos em solo estadunidense. Essa gincana vai, com certeza, até setembro/outubro. Talvez até mais longe.

Sigamos.

domingo, 15 de maio de 2022

Tudo (novo) de novo

 Já cochichávamos por aqui e por ali, até que o assunto ficou tão constante que fiquei com medo de Arthur escutar e fantasiar: decidi que deveríamos nos sentar com ele e explicar o que estava acontecendo, o que ia acontecer.

Quando terminamos a história, ansiosos, preocupados, cheios de expectativa, Arthur perguntou: quando a gente vai, é depois de junho?

É nessas horas que eu enxergo a criança no meu filho tão crescido, que quer parecer mais velho do que é (e que às vezes me engana nisso). Nossa vida está virando de ponta cabeça mais uma vez e a preocupação dele é com o aniversário dele, uma festa cheia de planos e sonhos, a coisa mais importante para ele neste momento.

Ele não antecipa a ansiedade de entrar numa escola nova, ou de voltar para a mesma escola e perceber que as pessoas todas mudaram, ele não antevê os longos voos, a adaptação do irmão, o frio, a saudade das vovós (hoje tão presentes e constantes na vida dele) e da nossa rotina aqui, ele sequer nota que a televisão e o videogame ficam.

Para ele, o importante é que em junho ele vai poder ter uma festa de aniversário com os amigos. E que vamos poder visitar o Children's Museum outra vez. Ele ainda não entendeu que vamos até poder voltar ao Great Wolf Lodge, o passeio que ele mais gostou de fazer até hoje. 

Para Arthur, só existe o bom, o vibrante, a alegria, o instante vivido e as coisas pelas quais valem a pena se preocupar envolvem felicidade e realização.

***

Se estou com medo de voltar a morar em Evanston por um ano? CLARO QUE SIM!

Mas estou levando comigo o sol da minha vida, e esse amor que ele emana vai me aquecer no inverno intenso na beira do lago Michigan.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Um processo

 Estou me mudando. Não de novo: ainda. Às vezes me pego muito triste por algo que ficou por lá, muito saudosa da vida que levava lá, mas também muito aliviada por tudo que tenho podido aproveitar aqui.

É um processo, a adaptação. Não sei se vou me adaptar integralmente. Nem sei se quero isso. Essa inquietação, esse estranhamento me deixam mais presente nos momentos. 

O que será que teremos em 2023?