terça-feira, 26 de julho de 2011

A enxaqueca, a mídia e o que aprendi com exercícios físicos

Longe de mim querer (na verdade, poder) julgar os outros. Mas existem algumas situações que não acontecem na vida alheia que merecem minha atenta reflexão, seja porque se trata de pessoa querida e que me pede ajuda, seja porque eu me solidarizo e me imagino naquela situação. Nesse último caso, eu julgo a mim mesma, tendo em vista tal (ou tais) acontecimento(s).
No meu trabalho as mulheres são maioria absoluta. Com isso, reina a ditadura da dieta: não posso comer isso porque estou de dieta, não posso beber aquilo porque tem muitas calorias. Com isso, pequenos prazeres desaparecem e vivemos sob o duro regime da restrição de gorduras e carboidratos.
Ontem, uma amiga querida ficou em casa. O motivo: enxaqueca. Quem já teve enxaqueca ao menos uma vez na vida entende que as dores são restritivas e até imobilizantes. Essa amiga vive de dieta. Não acho que a enxaqueca tenha necessariamente relação com a dieta, mas isso me fez pensar que muitas vezes em nossas vidas negligenciamos nosso corpo, ou dele exigimos para além dos limites, em busca de um modelo que não condiz conosco, seja porque nosso estilo de vida é diferente, seja porque nossas necessidades fisiológicas são diferentes (ninguém pode querer ter o metabolismo acelerado de uma modelo de passarela, né?). Daí, minha cabecinha monotemática logo enveredou pela seara da maternidade e pensou que durante a gravidez exigimos demais de nosso corpo e mente: somos obrigadas pelo corpo a produzir mais recursos, pois um serzinho está se formando e precisa de energia; por sua vez, a pressão social, personificada em sua maior instância pela mídia, nos obriga a uma série de condutas cada vez mais rígidas: engordar pouquíssimo, praticar todas as atividades físicas com a mesma disposição, nada de estrias, corpo normal no pós-parto em tempo recorde. Haja autocobrança, minha gente.
Daí, volto as minhas atenções para minha vidinha: é difícil viver e compreender que o outro é apenas o outro, uma maneira diferente de lidar com as mesmas (ou muito parecidas) imposições da vida. É complicado perceber que nossos problemas são problemas, sim, mas que as outras pessoas desse mundão de meu deus também têm suas dificuldades.
Mas por que tudo isso? Ora, porque eu voltei a praticar exercícios regularmente (havia dado uma paradinha, o que minha coluna, essa ingrata, logo percebeu e denunciou) e a maior lição que a prática de atividades físicas me ofereceu foi entender os limites do meu corpo. E que se dane se a pessoa do meu lado consegue levantar vinte quilos na caneleira, que faz um pas de bourrée com perfeição ou consegue correr sete quilômetros diários. O que importa e o que vale para mim são limites claramente definidos, e que de modo algum me colocam acima ou abaixo das demais pessoas.
Mas não parei por aí na reflexão: matutando sobre o que aprendi com minhas atividades físicas, lembrei que muito em breve viverei totalmente imersa na ansiedade das tentantes e que devo ter muito cuidado para não me cobrar demais, não me impor determinadas metas que valem para os outros (mas não sei se servem para mim). E por falar em metas alheias, e a barriga depois da gravidez, heim? E os exercícios durante a gravidez? E...
Bom, aí eu fiz o que eu podia fazer em meio a tantas coisas que levam a outras coisas que levam a outras coisas: entrei para a meditação.
Todo mundo comigo: OOOOOOHHHHHMMMMMMMMMM

Nenhum comentário:

Postar um comentário