No meu chá de bebê, ainda 26 dias antes do nascimento do Arthur, eu estava mal: cansada, pesada, com muita falta de ar e de saco cheio de estar grávida (e trabalhando fora). Daí, as pessoas comentavam como eu estava linda, magra, parecendo estar muito bem, saudável, feliz, e virava e mexia alguém me perguntava com real interesse como eu me sentia.
E eu me sentia assim, como acabei de contar.
Então, conversando com o marido da minha tia (que tem com ela uma filha de 5 anos), ele falou: aproveite enquanto ele está na barriga, porque depois é que você vai ver o que é cansaço.
Arthur nasceu, mamou de hora em hora, depois queria colinho 24h por dia, aprendeu a rolar, a se sentar sozinho, a se levantar sozinho na cama, a engatinhar, a subir nas coisas e, agora, a caminhar com apoio.
Eu, do meu lado, acordo cedíssimo, trabalho pesado, chego em casa tenho casa, marido, filho e frila para me entreter até altas da madrugada.
Estou bem cansada.
Exausta até, diria.
(Em breve venho contar, espero, o motivo a mais de tamanha exaustão.)
E aí eu me lembro das palavras do marido da minha tia. E aí eu olho para o lado, vejo o sorriso do meu filho no meio do sono. E aí eu penso que não é possível comparar, em nenhum nível, as experiências de se ter um bebê na barriga e se ter um bebê nos braços. E também penso que ser dona novamente de todas as minhas hemácias, senhora de minha ferritina, egoisticamente única usuária do meu sistema circulatório, sem placenta, feto ou outras adjacências gravídicas para me roubar o ar, a disposição, a agilidade de movimentos, o equilíbrio e a (má) postura bípede é realmente muito melhor. E que por mais que a gravidez seja um momento lindo, que a minha experiência tenha sido num esbanjamento de saúde e que seja um importante rito de passagem (social e pessoal), não há comparação: ter um bebê do lado de fora é infinitamente melhor.
Sentir seu cheiro, o toque suave de sua pele, saber seus sons, seus risos, conhecer sua personalidade e caras engraçadas é incrível, indescritível.
E aí eu me lembro daquele domingo de maio, entre amigos queridos e familiares. Penso na conversa com o marido da minha tia e concluo: ter Arthur do lado de fora é infinitamente melhor que ter estado grávida dele. Sobretudo por causa da maldita falta de ar que eu sentia desde as vinte e pouquinhas semanas. Mas aí eu percebo que, em termos de falta de ar, não ando lá muito melhor com ele aqui fora: basta vê-lo sorrir ou chorar, crescer e se desenvolver para que, mesmo senhora das minhas fisiologias todas, eu saiba que para sempre minha circulação foi alterada: vai ali naquele menino antes de voltar para mim tudo o que existe dentro de mim.
(E ainda me perguntam por que quero ter outro filho.)
Olhe eu não posso dizer muita coisa sobre o cansaço da gravidez, pois não tive isso, tive uma gravidez maravilhosa, não sei se foi o estado de espirito que me manteve um ser sublime mesmo tendo azia até o Joaquim nascer ou se foi devido a acupuntura que fiz até 1 semana antes de entrar em trabalho de parto... Acredito que as duas fases tem a sua beleza, ter um nenê na barriga é muito bom, sinto falta, e quero passar por isso novamente, mas ter meu pequeno nos braços é surreal, e mesmo tendo uma rotina estressante, trabalhando, tendo que cuidar da casa, do marido e do filho é bem o que você disse, um sorriso, uma mãozinha fofa no seu rosto, um dedinho sem vergonha enfiado nos eu olho para te acordar, não tem preço!
ResponderExcluirLindo post! Eu concordo com vc. Gostei de estar grávida, mas ter o filhote nos braços é muito melhor!! Até o cansaço é melhor... rs! Beijos
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