segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

O parto — parte 3

Eu entrei em total desespero. Pânico. Pedi cesárea — mas em português, malandramente, porque eu só queria alguém para segurar minha mão e me ajudar, e esse alguém foi marido.. Eu não aguentaria dilatar mais 2 centímetros naquela intensidade de dor que eu estava sentindo! Estava há duas horas em trabalho de parto de fato, e estava sentindo muita dor! Não tinha sido assim com Arthur. Claro que eu tinha sentido dor da primeira vez, mas dessa feita as dores estavam muito mais intensas.

A midwife sugeriu umas posições, testei e não gostei, até que encontrei uma mais ou menos ok. Fiquei de joelhos na cama, a cara enfiada na cabeceira, que estava elevada. Achei que ela deu uma conduzida para me colocar numa posição boa para todo mundo, mas não estava em condições de discutir nada. Sobretudo porque eu estava desesperada, em pânico, apavorada. Eu não aguentaria aquela dor por muito mais tempo.
E foi aí que, às 11:49 da manhã, eu comecei a sentir vontade de fazer força.
E foi aí que, mais uma vez, eu tive um rebordo de colo.
A midwife ficou preocupada, me mandou parar de fazer força, disse para eu arfar quando viesse a contração, mas eu não conseguia. Eu precisava fazer força. E eu fiz.
Eu não vi, mas marido contou que ela chamou a médica de plantão do hospital, e que foi um momento tenso. Eu estava ocupada demais sentindo muita dor e fazendo força.
Fiz umas sete forças e senti o círculo de fogo. Esperei o orgasmo, mas ele não veio dessa vez, tudo era uma grande dor.
A cabeça do Gael nasceu e ele não chorou. A midwife disse que eu precisava fazer sair o corpinho e eu respondi que não estava sentindo contrações, que eu ia esperar um pouco. Quando veio a próxima contração eu senti o corpinho girar e escorregar.
Gael ficou quietinho por alguns segundos, mas então chorou. Um choro de verdade, mas não muito forte.
Eu ainda estava na mesma posição do parto, eu ainda não estava pronta para receber meu filho no colo, porque eu esperei mais de dois meses para conseguir respirar sem sentir falta de ar. Eu, então, respirei fundo e peguei meu filho, meu segundo filho nos braços.
Coloquei ele no peito, perguntei as horas, eram 12:02, e algum tempo depois nasceu a placenta. Tirei foto da placenta. O cordão parou de pulsar, marido cortou, Gael foi colocar uma touca e ser embrulhado em paninhos.
Voltou para o meu colo.
O protocolo do hospital é deixar mãe e bebê por uma hora e meia na sala de parto, juntos, sozinhos, com uma enfermeira vindo de tempos tem tempos para medir os sinais vitais da dupla e monitorar o pós-parto imediato.
Ficamos, portanto, uma hora e meia ali, amamentando, curtindo o novo bebê, tirando foto.
O tempo voou.
Veio, então, a enfermeira me buscar para me levar para o quarto onde eu ficaria internada pelos próximos dois dias — outro protocolo.
Eu fui com Gael na cadeira de rodas. Subimos para pesar, medir e fazer os primeiros testes com o bebê. Eu poderia ter ficado ali se quisesse. Mas estava me sentindo muito fraca e tonta, preferi ir para o quarto descansar e deixei marido com a função de cuidar do pequeno.
Essa parte também está confusa na memória porque eu estava realmente tonta. Sei que pesaram ele na hora e todos ali se espantaram com o tamanho: 3,820kg.
Eu não fiquei muito espantada. Primeiro porque eu sabia que era um bebê grande, já que minha barriga ficou gigante e eu fiquei imprestável no fim da gravidez, sem conseguir comer, respirar, dormir, andar... Segundo porque eu estava doidona de hormônios + tonta de cansaço.
Fui para o quarto, e aí começou o terror.
(Continua na próxima postagem — spoiler: clinicamente, meu pós-parto foi perfeito, mas psicologicamente...)

2 comentários:

  1. Quase quatro quilos de bebe!!!!!
    Parabéns, Artemis

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    Respostas
    1. Obrigada! Quase 4kg e 54,5cm!!!
      Ele nasceu do tamanho de um bebê de 1 mês!

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