quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Das coisas que ficam

Eu ainda estou enjoando. São dez semanas de náuseas diárias e constantes, e não há gelo, água com gás, suco de limão, suco de laranja, frutas cítricas, beliscadas de hora em hora (eu já comia de 3 em 3 horas), bolachinha de água e sal e reza braba que deem jeito. Nem remédios funcionam muito bem, exceto por um (mas é que ele me dopa e, por isso, não sinto enjoo), que me deixa mongol e, portanto, é caso de emergências emergenciais urgentes.
Minha barriguinha já se nota. Mui discretamente (prometo fotos, junto com a tal do elástico na calça jeans), mas hoje foi a primeira vez que uma pessoa completamente desconhecida me perguntou assim, na lata: você está grávida? (Corajosa a pessoa, não? Imaginem se eu não estivesse grávida...) Fiquei toda boba, claro. E até demorei para entender que ela falava comigo. Acho que passei tanto tempo fingindo que papos sobre gravidez e bebês não eram comigo que ainda vai demorar um pouco para responder rapidamente (quem respondeu a essa pergunta foi uma colega de trabalho, que estava comigo na hora e não está desmiolada como eu - aliás, tenho certeza de que estou passando TODOS os meus neurônios para esse bebê! Como estou lenta e tapada, minha gente!).
Embora o auge dos desejos tenham se manifestado lá pela nona semana, de vez em nunca ainda sinto verdadeira obsessão pela coisa mais inusitada: cerveja de trigo. Quem me conhece sabe que eu não sou de beber cerveja (embora a de trigo sempre tenha mexido com meu coração). Mas não sei o que os hormônios fizeram comigo que eu não posso ver um copo de cerveja, principalmente se for de trigo, que eu fico LOUCA. Óbvio que eu fiquei só na vontade e, quando a intimidade permitia, pedia para dar uma cheiradinha no copo da pessoa que estivesse bebendo cerveja perto de mim. Marido é que adorou. Durante uma semana eu danei de comprar cervejas importadas que ele achava que eram para ele. Tolinho! Mal sabia que tamanha generosidade travestia um egoísmo sem precedentes, e eu comprava as garrafas só para que eu pudesse apreciar o aroma daquele líquido divinamente dourado. Outra obsessão dessa gravidez é milho: cereais matinais, salgadinhos gordurentos, milho cozido com ou sem manteiga, pipoca, creme de milho, qualquer modalidade está valendo! Imagino que essa criança nascerá amarelinha, porque cerveja e milho, né?
Então, é isso que fica: a família que estou construindo (e gerando), a certeza de que Natal não é só correria de presentes, amigos-ocultos burocráticos ou confraternizações loucas (no bom ou no mau sentido da palavra "louca"), mas sim um momento de refletirmos sobre os significados dos nossos gestos e nos prepararmos para tentarmos ser pessoas melhores para o mundo.
Não volto antes do Natal e, por isso, desejo a todos os que passam por aqui (comentando ou não) um dia especial, cheio de amor, paz, família, milho e cerveja de trigo. Que o Natal faça renascer em vocês a esperança e a alegria de que nos valemos para viver o ano novo.

2 comentários:

  1. Realmente, cerveja de trigo... eu nunca tinha visto nenhum desejo parecido! Se serve de consolo, so enjoar, pelo menos você tem aquela sensação de que está indo tudo bem, não?! Eu não sinto nada de nada e fico toda hora achando que algo está errado... Acho que um enjôozinho ia bem de vez em quando.
    Bom natal pra você e toda a família! Ano que vem o natal vai fazer muuuuuuito mais sentido, você vai ver!
    Beijo!

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  2. Nossa eu não nem conhecia essa cerveja, rs, acho que é porque não gosto de cerveja.
    Um belo Natal para vocês!
    Um forte abraço!

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