sábado, 24 de dezembro de 2011

Querido Papai Noel

Acho que eu fui uma menina boazinha na maior parte do ano (se você, é claro, descontar os momentos de TPM e a loucura hormonal da gravidez). Assim, gostaria de pedir uma coisinha neste Natal.
Querido Papai Noel, eu queria muito ter um parto digno, saudável e seguro. Mas não gostaria disso só para mim, não. Um parto assim deveria um direito para todas as mulheres aqui no Brasil, mesmo as que não foram tão boazinhas ao longo do ano.
Seria ótimo se parir com respeito, dignidade e segurança fosse algo certo e comum, que mais mulheres pudessem escolher a posição em que dar à luz, que pudessem escolher com quem gostariam de partilhar este momento mágico (se com o pai da criança, com a própria mãe, se com amigos próximos, ou até mesmo em meio a uma festa familiar, como quer a Wanessa ex-Carmago), que as mulheres tivessem o direito de comer, beber e se locomover como quisessem, que elas também pudessem seguir a risca a determinação da OMS e escolhessem em que lugar se sentiriam mais seguras para seus filhos nascerem. Seria ótimo se TODAS as mulheres de baixa renda tivessem um tratamento carinhoso e respeitoso nos locais onde vão para dar à luz, que elas fossem respeitadas em seus gritos, urros, gemidos e dores, que seus medos e apreensões fossem levados a sério e que pudessem escolher um parto normal porque este é mais seguro e mais saudável, e não fossem alijadas de seu direito a uma cesárea (caso ela se mostre necessária) porque parto via vaginal é mais barato. Sabe, Papai Noel, isso tiraria aquele ar de glamour com que a cesárea tem sido vista, porque se as redes pública e privada de saúde brasileira oferecessem partos normais dignos, não seria necessário lançar mão de um recurso radical como uma cirurgia de médio porte para que as mulheres se sentissem mulheres de verdade, sem aquele papinho de "na hora de fazer foi gostoso, agora aguenta" e outras (muitas) formas de violência contra as mulheres no momento mais importante, transformador e delicado de suas vidas. Afinal, quando o parto normal passa a ser anormal porque cercado de mitos, preconceitos, limitações (não pode ficar de quatro, não pode beber nada etc.), falta de respeito e de sensibilidade, realmente fica complicado criar uma política de saúde eficaz para o problema do excesso desmedido de cesarianas no país.
Muito obrigada,
Ártemis

Um comentário:

  1. Morro de ri quando venho aqui. Adoro seu jeito de escrever rsr

    Feliz Natal, amada.

    Grande beijo!!

    ResponderExcluir