quarta-feira, 1 de junho de 2016

Go, Cubs!

Uma das coisas de que mais gosto por morar fora é conhecer uma maneira diferente de ver e viver o mundo. São coisas que no turismo muitas vezes nos escapam, mas que no dia a dia também podem ser difíceis de entender ou até mesmo vivenciar.
Recentemente, fomos a um jogo de beisebol. Tipo do programa que não costuma fazer parte do roteiro turístico, a não ser que a pessoa seja umx grande fã de esportes ou, mais especificamente, beisebol. Até mesmo aqui nos EUA, a fama do esporte é de "devagar" e nem todos morrem de amores.
Fomos convidados por um casal de amigos nascidos e criados aqui, o que facilitou muito as coisas para nós, pois era como ter uma Wikipedia do beisebol ali ao lado, bastando perguntar as coisas mais estapafúrdias que queríamos (que o digam as pessoas na fileira da frente, sempre morrendo de rir das minhas sem-noçãozices).
Antes de irmos ao estádio, fomos almoçar com nossos amigos. O restaurante era, digamos, sui generis. Uma cantina italiana no estacionamento de um mini centro comercial. Parecia, por fora, uma daquelas portinhas que vendem fatias de pizza no Brasil, ou uma filial minúscula do Subway, com cadeiras de plástico do lado de fora e uma linda vista para uma lavanderia e um salão de depilação. Do lado de dentro, porém, o menu era tão grande e variado, que tivemos dificuldade de escolher: de pizza a chicken wings, de salada a hambúrguer, era um excelente restaurante ítalo-americano. Comi um macarrão que saciaria a fome de 5 leões de jejum, e estava delicioso!
Do restaurante, seguimos para o jogo.
O estádio fica no meio da cidade, cercado por ruas estreitas (duas ou três pistas). Sempre passo por ali de metrô e vejo a movimentação e o símbolo do time. Hoje, as ruas ao redor do estádio estavam cercadas e com um esquema de trânsito, pois parece que os Cubs estão em uma boa temporada (pelo que fiquei sabendo, faz muito, muito tempo que eles não ganham nada). Passamos nos detetores de metal, mostramos os pertences em nossas bolsas e mochilas (tive que jogar fora minha garrafa de água, mas pude entrar com o sanduíche, fica a dica para quem se interessar de fazer o programa na próxima viagem) e apresentamos os ingressos. Não existe portal ou nada muito suntuoso na entrada, então você dá dois passos depois de validar o ingresso (o que é feito por pessoas em pé no vão de entrada do prédio, não em guichês ou catracas) e já está no meio da confusão de azuis, vermelhos e brancos portando copos de cerveja, amendoins e cachorros-quentes. Do lado de fora, ainda a caminho do jogo, ouvimos a partida começar e a multidão comemorar. Do lado de dentro, os primeiros sons eram passos, vozes e muitas risadas, pessoas, claro, consumindo: comidas, muitos souvenirs, produtos oficiais e tal. A primeira loja é uma que vende camisas, bonés, ursinhos (cubs são filhotes de alguns mamíferos, neste caso, de urso, que é o símbolo oficial do time) e outras quinquilharias carérrimas. Há uma série de "restaurantes" lá dentro e foi muito interessante notar a cultura alimentar relacionada ao esporte: pizza (a tradicional de Chicago, chamada Deep Dish Pizza, que parece, na verdade, uma quiche de pizza, porque é suuuuuuuper recheada), cachorro-quente, amendoim (!), sorvete tipo casquinha do McDonald's, pipoca pré-ensacada, batata frita "frisée" e, claro, cerveja e refrigerante. Tudo lá dentro é muito, muito, muito caro. Comprei uma água, um sorvete e uma pipoca e paguei quase 20 dólares! Socorro! As filas também são imensas e onipresentes: banheiros, caixa eletrônico, compra de comidas e bebidas, até mesmo para ir para o lugar onde você está sentado tem uma "fila", ou um tráfego intenso.

Uma das logos do Cubs.

Minha primeira impressão/emoção ao subir e ver o campo foi parecida com a primeira vez que botei os pés no Maracanã. Com um pouco menos de referência e de fantasia, claro, porque não tenho TV em casa e nem cultivo o hábito de acompanhar beisebol. 
É muito emocionante e empolgante ver um estádio lotado!

Estádio lotado. Torcedores do Cubs e do Phillies sentam-se lado a lado.

Chegamos à arquibancada pelo lugar que é considerado o melhor setor, que se localiza, claro, perto de onde o rebatedor fica. De lá, seguimos para a esquerda. Estávamos longe do campo, nunca pegaríamos, por exemplo, uma bola perdida, mas achei uma boa localização, porque ficamos na sombra o tempo todo (existe uma parte da arquibancada que não tem telhado e o pessoal fica, sim, tomando sol ou chuva na cabeça) e tínhamos uma boa visão/perspectiva do jogo. Assim que chegamos o Cubs marcou um Home Run, que é o objetivo do jogo. Outro já tinha sido marcado antes de chegarmos e foi muito bacana comemorar junto com a torcida!

Visão que tivemos do jogo.

Não sei se assistiria uma partida de beisebol pela TV, porque realmente deve ser bem pacato, mas no estádio eu adorei! Como disse uma das pessoas que estava nos recebendo, trata-se de um jogo bastante social, com longas pausas e muita conversa entre as jogadas. Cada jogador tem uma música para quando vai rebater e isso é bem divertido, não só pela música em si, mas porque dá para notar as preferências musicais de cada um. 
Em determinado momento do jogo (no meio do sétimo "inning") há um intervalo e as pessoas ficam de pé e cantam uma música muito famosa para os norte-americanos (tipo um "Garota de Ipanema" dos esportes): Take Me Out to the Ball Game. Todo mundo sabe a letra e tem uma hora que eles contam até três, em um alvoroço, em um êxtase tão grande que foi bem emocionante estar lá no meio.
Saímos antes de o jogo acabar. Assim como acontece no Maracanã, a estação de metrô e o entorno do estádio fica uma muvuca imensa, e queríamos evitar o ápice da multidão. Os Cubs, à aquela altura, estava ganhando por 7 X 1 (jogavam contra o time da Filadélfia).
Depois, ficamos sabendo que os Cubs ganharam por 7 X 2.

Algumas curiosidades:
  • As torcidas ficam misturadas na arquibancada e também fora do estádio; embora o clima seja beeeem pacífico, os perdedores recebem uma zoadinha marota bem amiúde.
  • Os jogadores perdem muitas bolas ao longo do jogo e os espectadores podem pegar essas bolas e levar para casa.
  • No entanto, se a bola que cai na plateia for uma que, arremessada e rebatida, deu origem a um Home Run do adversário, é tradição dos torcedores dos Cubs jogar a bola de volta ao campo. As pessoas que estão perto da que pegou a bola se põem de pé e começam a gritar, instigando que ela "devolva" a bola. E comemoram depois que isso acontece.
  • Quando o câmera passa pelos corredores para filmar o público (que vai aparecer nos telões), as pessoas ficam loucas, gritam, pulam, fazem coisas para chamar a atenção da câmera.
  • Um dos jogadores foi substituído pelo técnico porque errou várias jogadas em sequência, e saiu ao som de "Hit the Road, Jack", o que foi muito engraçado (embora eu tenha ficado com um pouco de pena do rapaz).
  • Quando alguns jogadores são anunciados, os torcedores vibram muito.
  • Antes do último arremesso do time adversário, ficam tocando musiquinhas, para "dar um clima" à jogada.
  • Tive ímpetos de me levantar e dançar quando começaram a tocar nossa velha musica de torcida "Uh, tererê", também conhecida por "Whoomp, There It Is".
Recomendo muito a experiência e Go, Cubs!

8 comentários:

  1. Eu acho beisebol fascinante, apesar de entender lhufas.
    É uma experiência que gostaria de ter, inclusive.

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    1. Eu, no final das contas, gostei.
      recomendo a experiência, viu?
      No Rio, tem até um time, sabia? Eles treinavam na Lagoa. ehehe
      bjs

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  2. Eu já fui num jogo do Yankees em NY. Adorei a experiência, embora não tenha entendido nada do jogo. E quis comprar t-o-d-a-s as comidas disponíveis!

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    1. Ir sem assistência de um nativo deve ser complicado mesmo. Eu não entenderia nem metade do jogo se não tivesse nosso casal de amigos lá.
      Sobre as comidas, como fomos em um dia bem quente, só o sorvete apeteceu. Mas num dia mais frio deve ser uma delícia enfiar o pé na jaca. eeheheh

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  3. "Assisti" mais ou menos quando fui a San Diego. Nosso hotel era ao lado do estádio e dava pra ver metade do campo. Não entendi quase nada do jogo e me chamou a atenção o fato de as pessoas não ficarem sentadas assistindo o tempo todo, havia muita gente circulando, nas filas para comer algo...
    Mas adoro a sensação que fica no entorno, os torcedores chegando... Acho esse clima muito legal!

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    1. Eu também adoro esse clima! E lá dentro tinham várias famílias, muito interessante!

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  4. taí uma coisa que eu nunca fiz... Já anotei pra próxima viagem =)

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    1. ~Pois é. Não é uma coisa tipo "nooooossa, eu pre-ci-so ir a um jogo de beisebol", mas é interessante e realmente é uma coisa mais "pé no chão" em termos culturais. Dá para sentir muitas coisas da cultura dos EUA. realmente recomendo.
      ;)

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