quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A angústia do anonimato


Como todos vocês sabem, Ártemis é meu pseudônimo para escrever este blog. Na minha família, temos alguma tradição no assunto, pois minha bisavó fazia versos em uma época que mulheres poetas não eram bem-vistas e/ou levadas a sério e minha avó foi atriz numa época em que ser atriz não era ocupação para "moças de família". Hoje, claro, as coisas melhoraram e meu anonimato não é necessário para escapar de opressões machistas e preconceituosas, mas sim para evitar constrangimentos (meus) em relação ao que falo por aqui.
Até onde eu saiba, existem seis pessoas que leem este blog e sabem meu nome: marido, minha melhor amiga, a Anna, duas amigas do mundo "real" que estão grávidas e uma que já é mamãe. Esta última vive me dando força para que eu divulgue o blog entre meus amigos do mundo não virtual e  generosamente elogia meus textos.
Fato é que muito do que escrevo aqui acaba envolvendo pessoas do meu convívio e tenho medo de que minhas palavras ofendam ou exponham. E sigo escondida atrás de um nome escolhido (Ártemis tem tudo a ver com parto, nascimento e vida selvagem!).
Porém, desde que Arthur nasceu, tenho tido muita pena de ficar escondida atrás de um nome fantasia que, se por um lado me garante a liberdade de falar o que quiser, como quiser e como quiser, por outro me prende à uma identidade que, embora bastante sincera (já disse que escrevo por aqui com o coração, sendo muito honesta com meus sentimentos e ideias), não está completa. Essa espécie de vida dupla que levo acaba me deixando muito cansada, já que não posso sair falando do meu blog, um espaço tão importante na minha vida, na minha vida não virtual. Isso cansa, minha gente.
Por outro lado, o que fazer? Existem coisas que escrevo aqui que não gostaria de sair divulgando mundo afora, mas, por outro lado, são informações, muitas vezes, interessantes para quem quer engravidar ou está lutando por um parto humanizado. Já pensei, como tentativa de solução, apagar ou editar os textos. Mas além de um trabalho cão, acho que muitas coisas que escrevo têm valor sentimental para mim, um pedacinho da minha vida, e deixar os textos que representam esses momentos nos rascunhos seria doloroso para mim e, para completar, acho que o blog perderia uma "unidade" conseguida nessa coisa de autorreferenciação.
E aí, sigo aqui, angustiada com o anonimato, angustiada com a possibilidade de sair dele. Pensando muito no que a Anne Rammi disse uma vez.

7 comentários:

  1. Acho que essa história de blog é bem complicada né florzinha? Tá meu blog não tem um monte de seguidores mas nele eu escrevo quase tudo o que tenho vontade e só não escrevo tudo justamente porque fiz a besteira (ou não) de divulgá-lo pra alguns conhecidos, aí fica aquela coisa "e se eu escrever um desabafo, a pessoa ler e não gostar?" ou fico pensando será que meus amigos vão me achar a louca neurótica que quer engravidar a todo custo seu eu der uma surtada no blog? rsrs

    É complicado...

    bjus

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  2. Já eu penso que deveria ter ficado no anonimato. Tenho posts rascunhados que não consigo publicar. Tenho amigos muito próximos que nem imaginam que eu tenho blog. Nunca divulguei pros meus amigos. Acho que vão me achar louca, ociosa e fazer vários julgamentos que vão sim me chatear... Pouquíssimos amigos meus da vida 'real' conhecem o blog e só uma (mãe de gêmeas) se interessa e comenta. Sei que, uma hora ou outra, o resto do povo vai descobrir e, confesso, fico com um pouco de vergonha de algumas coisas que já escrevi... Mas e daí? quem vê blog realmente não vê coração! bjo

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  3. Ártemis,

    A questão do anonimato pode inicialmente parecer boa pq você acaba tendo (ou achando que tem) um pouco mais liberdade pra postar.

    Mas nem sei se essa liberdade chega a ser tão grande assim. Porque nós mesmos temos os nossos filtros e, ainda que "protegidas" pelo anonimato, acabamos fazendo do blog apenas um recorte da nossa vida.

    Não tem (e acho que nem queremos ou conseguimos) trazer todas as nuances da nossa vida.

    Meu blog é público. Comentei com os familiares e alguns amigos também sabem da existência dele. As vezes compartilho alguma postagem no FB até, mas isso é muito, muito raro. Mas, acredite, eles não leem, não é a praia deles, entende? Blog de mãe chama atenção de mãe que vive a mesma fase e só. E só das mães internautas. E vejo que outras blogueiras falam o mesmo. Que amigo e parente não acompanha blog (comentar então, nem se fale).

    Assim, por conta desses filtros naturais eu acabo não me sentindo tolida em postar. Antes de chegar na fase do "e quem vai ler", eu empaco na fase do "e preciso publicar isso?". Mas aí também é uma característica peculiar minha, que tenho os freios, digamos assim, bem freiados. rsss

    Grande beijo pra você. Me sindo lisonjeada de fazer parte do seletíssimo grupo. ;-)

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  4. Querida vejo tanta verdade nos seus textos que seu nome se torna algo secundário. O importante é o seu bem estar em escrever aqui a sua história e do seu filho! Bjos

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  5. eu nunca pensei em ficar no anonimato, mas venho do tempo em que os blogs não eram tão visitados e divulgados. Não tenho medo de me expor, claro que eu gostaria de falar coisas que não posso, pois sei que fulano está lendo e vai saber que aquele texto é pra ele (sogra), mas eu criei um blog privado para meter o pau nela rs (tenho até que atualizar) e assim sigo realizada.
    Tmb não divulguei meu endereço para muitas parentes, embora os espertinhos sempre visitem rs
    é uma decisão muito pessoal.
    bjos

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  6. Legal você tocar nesse assunto pois vejo pouca reflexão sobre isso pela blogosfera. Eu sempre penso sobre isso quando me deparo com um post com muita exposição.
    Para mim também é uma situação delicada, pois trabalho com internet e conheço, sem intimidade, muitas pessoas que estão 100% online sendo que o meu meio mais íntimo (família e amigos) não é tãaao conectado. Ainda não me divulguei, nem sei se pretendo.. Também tenho travado para falar sobre certas coisas, como, por exemplo, voltar ou não ao trabalho. Talvez deveria ter feito como você e criado um pseudônimo para me soltar. Ainda estou patinando nesse meio e é bom ter pessoas como você que expõe suas questões sem amarras e junto com vc pensar por onde quero ir...

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  7. Sou fã do blog, sou sua fa, Entao abaixo o anonimato ;)))
    Beijos direto da mamada da madrugada. Seu blog fez ela ser mais divertida !!!! Paloma

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