domingo, 28 de outubro de 2012

Levando bolo (ou da solidão que me aflige)

(Eu deveria estar frilando, mas estou aqui, blogando.)

Quem lê meus posts, quem me vê de longe na vida deve pensar que eu sou a popular do pedaço. Não que meu blog seja bombante ou nada do tipo, mas é que aqui, com a graça do santo protetor das blogueiras (há de ter um desses!), só recebo elogios nos comentários (obrigada de verdade! Quem tem blog sabe o valor de um comentário), e aí parece que sou bacana, né? Na vida vista de longe, provavelmente também é um pouco assim, porque sou do tipo que não pesa na vida dos amigos porque não existe na vida dos amigos, do tipo que cresceu brincando de boneca em um prédio que só tinha adulto. E aí que eu aprendi a ser bem sozinha, como se não houvesse, na verdade, adultos no meu prédio, na minha rua, no meu quarteirão, na minha cidade. Sozinha.
Às vezes eu me importo muito com isso. Fico triste e me sentindo culpada por enfiar os pés pelas mãos quando o assunto é manter contato, cativar amigos para além do momento inicial. Outras vezes, porém, vou levando numa boa, achando bom ser meio Billy Idol porque a vida fica um pouco mais do meu jeito (afinal, "Well there's nothing to lose/And there's nothing to prove").
Acontece que desde que Arthur nasceu recebemos poucas visitas. E eu tenho ficado sentida com isso (hello, hormônios!). Muito pelo descaso das pessoas, que marcam milhares de coisas conosco ("querida, vamos aí neste fim de semana", "vamos fazer um passeio assim, assado dia tal?", "te ligo para combinarmos, sem falta") e somem, se esquecendo de que temos uma rotininha com o pequeno e, se a alteramos um pouquinho, corremos o risco de bagunçar o coreto e, depois, quem se lasca somos nós, eu e marido: ninando madrugada adentro, amamentando por horas a fio etc. Logo, se alteramos essa rotininha com Arthur é porque queremos partilhar este momento de alegria que vivemos com pessoas de quem gostamos. E a gente arrisca porque somos pais corujas e orgulhosos, porque estamos felizes, porque a gente acha que vale a pena. E às vezes não vale.
Não vale e eu volto a brincar sozinha de boneca, em um prédio só de adultos.

4 comentários:

  1. Ai florzinha!!! Se eu morasse mais perto passaria o dia todo grudada em vc e no Arthur... Pena que Curitiba é taõ longe do Rio...

    Fica bem !!!bjus

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  2. Ah amiga!!! Fica sim não... Eu tbém tenho um certo receio no meu caso é com muito toque, contato sabe... Mas, penso que devemos ser amadas tais como somos!!! Bjos

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  3. Ártemis, li esse post bem no dia que vc escreveu mas, na falta de tempo ou inspiração pra escrever um comentário decente, acabei deixando pra lá.

    Bom, só pra dar um "abraço virtual" e pra dizer que me sinto bem assim, brincando sozinha no play.

    Hoje em dia essa solidão é bem menor, já que meus meninos estão maiores e não é mais necessário manter uma rotina tão rígida, o que me permite saídas, idas a praia, viagens, etc, sempre na companhia das crianças. Não consigo mais sentar no Belmonte pra tomar um chopp sossegada, mas dá pra ir pro Aterro e beber cerveja de latinha do ambulante. Não dá pra ir no restaurante da moda, mas posso escolher um restaurante mais espaçoso e menos barulhento. E assim vamos adaptando alguns programas.

    Aí entra a boa vontade da galera, que precisa estar afim de nos acompanhar nesses horários e programas mais diferentes.

    Ainda bem que encontramos nossa tribo. Uma tribo pequena, é fato, mas de bons amigos.

    Pra diminuir um pouco a sensação de solidão, minha casa foi transformada em ponto de encontro (se Maomé não vai a montanha...) e sigo feliz assim.

    Acho que no fundo a sensação de solidão é substuída, um pouco, por uma certa mágoa. Mágoa pelo fato de as pessoas não entenderem (ou não se esforçarem pra isso, sei lá) a mudança tão grande que acontece em uma família que recebe uma criança. As pessoas não estão preparadas pra abrir mão do chopinho sem hora marcada no barzinho da moda por uma tarde tranquila na companhia de crianças e amigos.

    Beijos pra vocês!

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  4. Vou parecer meio do contra, mas sou meio inconformada mesmo e tenho uns pensamentos estranhos.
    Eu sou uma pessoa que tem muitoooosss pseudo amigos e pouquissímos amigos de verdade e posso dizer: ás vezes recebo tantas visitas, sou tão cobrada para fazer visitas, para sair com as amigas...Que ás vezes preferiria ter menos pertubação, ainda mais com a Lara pequenininha.

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