sábado, 20 de outubro de 2012

Por onde andei, quanto me perdi

Minhas fiéis escudeiras, amigas e seguidoras Anna e Lilian, sumi, né? E nem respondi a vocês e a Jacqueline sobre as dicas da cadeirinha. Que feio!
Mas então: Arthur odeia a cadeirinha. Tem um cachorrinho e uma bola pendurados no raio da cadeirinha, mas se distrai por poucos minutos. Tentamos vasto repertório musical e radiofônico (programas de entrevistas, narrações de jogos, "No divã do Gikovate" etc.). Arthur não curte nada. Só o som insuportável do útero. Masssss... descobrimos que durante o dia ele costuma ficar muito bem no carro. Vai ver tem medo de escuro ou já está meio jururu por causa do cansaço do dia.Vai saber? Agora, priorizamos passeios de carro pela manhã.

Mas é óbvio que eu sumi e não foi por conta do meu filho em guerra com as formigas imaginárias (mais ou menos) e nem por causa do fim da OiOiOi.
Eu sumi porque minha vida entrou num turbilhão louco, insano, doidinho, e não dei conta (e continuo não conseguindo dar conta).
Em primeiro lugar, voltei a trabalhar como frila. Foi preciso porque vem a creche (e que facada!), vem o cartão de crédito com as roupinhas que comprei (que facada!) e vem o Arthur tomando mamadeira porque eu volto a trabalhar em novembro (que facada!). Com isso, morri financeiramente já no 5º dia do mês.
(Vendo textos, baratinho. Tratar aqui.)
Em segundo lugar, marido viajou, fiquei sozinha com Arthur e minha mãe. Eu tenho um relacionamento muito, muito, muito difícil com minha mãe. E a semana sem marido foi tensa de saudades e de desencontros familiares.
Marido voltou e, vejam só!, fez aniversário, passou num concurso e deu festa em casa para comemorar as alegrias. Tudo ao mesmo tempo. Pirei nos improvisos, nos frilas atrasados, na festa que não tem minha presença porque Arthur dorme 20h e eu vou junto (e continuo sem beber cerveja, neam?), nos dinheiros, nos desentendimentos avozísticos e no drama master da volta à labuta.
Posso chorar um 'cadinho?
[snif]

pronto (ou quase).

[vou chorar mais um pouquinho, tá?]

Fico sentada, vendo meu filho brincar no tapetinho de atividades que me custou os olhos da cara (mas promete o Eldorado do desenvolvimento cognitivo) e que vou pagar em 12X com juros no cartão, que vence dia 20, mesmo dia em que entrego o frila (mas só recebo 15 dias depois). E aí eu tenho vontade de chorar porque, se ele chora de lá, eu estou cá para afagá-lo e dar de mamar. Mas daqui a menos de um mês não vou estar, de segunda a sexta, nem lá nem cá. E ele terá uma "tia" no berçário, e uma mamadeira (com leite materno, se eu conseguir fazer um estoque. Vocês já viram o preço das bombinhas elétricas? De onde vou tirar dinheiro para alugar ou comprar uma?). Será que vão acudi-lo quando ele reclamar? Será que ele vai se sentir menos amado? Dói no meu coração pensar que ficarei tanto tempo longe dele e, quando for buscá-lo, meu filho, alma boa, pura, linda, vai RIR PARA MIM, quando eu merecia era um tapa na fuça por ter insistido em ter um filho, mesmo sabendo que teria de deixá-lo na creche aos 5 meses. E eu choro sem lágrimas. E penso: um milhão de vezes parir sem anestesia, um bilhão de vezes mastite, cisto no mamilo, monília, bicos rachados. Nada é páreo para esta dor: estar longe do Arthur.

[snif]

Arthur dorme grudado em mim. Eu amo. Eu o amo.
Amamentar está quase indolor. Já ordenhei 140ml de leite, mas preciso, segundo consta, de 400ml diários. Alfafa ajuda, me disseram. Também o "Chá da mamãe", da Weleda. Extrato de algodão, reza a lenda, é porreta.
Arthur passou por dias difíceis: dormiu mal, mamou mal, chorou sentido. Sente minhas dores? Acho que o maldito refluxo ajudou. E o salto de desenvolvimento. Ele aprendeu a gargalhar (e tão lindo que é, resolveu não causar ciúmes em casa e o fez para o nosso cachorro). Ele aprendeu a rolar. Levamos ao pediatra e na receita estava escrito: "Agora podemos usar o bebê-conforto e o sling." Porra! Não podia antes?! Devia ter sido avisada na primeira consulta: vamos liberando apetrechos aos poucos, viu? Mas não: fiz cara de paisagem, com Arthur no sling desde 7 dias de vida e no bebê-conforto desde o primeiro dia. Resultado? Rola, gargalha e senta com apoio. Aos quatro meses. O pediatra falou: " é, ele está mesmo bem durinho!"
Quase uma da manhã. Marido bebendo com poucos amigos na varanda de casa. Merda. Poucos têm filhos. Fazem muito barulho, e eu preciso ficar enfurnada no quarto, com Arthur, que só dorme grudado em mim (e eu amo!), com a porcaria do barulho infernal ligado, para abafar os ruídos externos. Sabiam que eu nem ouço mais essa barulheira? Durmo e tudo com o útero e o coração bombeando o sangue de alguém. Mas o que me angustia mesmo é que faltam poucos dias para eu voltar ao trabalho e ficar nove horas (até ele completar 6 meses serão "apenas" oito horas) longe do meu filho tão lindo, tão perfeito.

E aí, eu entro aqui no meu cantinho e vejo que as pessoas sentiram minha falta. Que apesar dos comentários modestos em quantidade, pessoas se interessam, se preocupam, querem saber, torcem, ajudam. Dá vontade de fazer um teste de gravidez, porque ando mais sensível que dente lascado, mas não é bebê no forno, não. É bebê nos braços. Choro, choro, choro. Mas sem lágrimas, porque desde que Arthur nasceu pareço uma fortaleza. Ninguém mexe com a minha cria. NInguém contesta minhas escolhas. Mas ele vai para a creche. Tão vendo o drama? A droga? O desgaste? CRECHE. Muito boa, bonita, limpa, bom programa pedagógico, referências. Mas não é meu colo, meu aconchego, meu peito, meu cheiro.
E aí penso: preciso do meu emprego para pagar as contas. Acontece que trabalhando, gero mais uma despesa, a creche, e preciso trabalhar mais. E, de certo modo, lá se vão mais horas longe do filhote, preocupada com outras coisas que não são tão importantes assim, afinal. (Já dizia Pessoa que "o sol doira sem literatura".)

Me lasco. Sofro. Não durmo e sumo.
Vocês perdoam esse post loucão, essa autora loucona e todo o sumiço e o mimimi? Aceito abraços e beijos e cafunés.

7 comentários:

  1. Queridona, um beijo e um cafuné pra vc! Sou mãe que trabalha fora e, o que dizer?, dói, né? claro que se eu pudesse (leia-se: se o dinheiro desse!), eu desencanava e passava pelo menos uns 2 anos babando nas minhas filhas. Mas, né, as contas chegam e chegam rápido demais. Enfim, não é moleza, não... bjo

    ResponderExcluir
  2. Caramba!!! Estava pensando em vc ontem... Agora entendi o seu sumiço. Amiga, não dá pra acreditar que vc esta prestes a voltar a trabalhar... Imagino a sua angustia, deveria ter uma lei que permitesse ficarmos com os nossos babys até eles completarem 01 ano, mas quem sabe com o maridão concursado, não dê pra vc diminuir sua carga horária? Arthur ficará bem, vc tbém!!! Bjos bjos

    ResponderExcluir
  3. Ownnnn Meu Deus!!! Doeu no meu coração ler seu post...Estava passando por isso a pouquíssimo tempo. Estava em crise que voltaria para o trabalho. Na verdade minha questão não era financeira e sim que eu amava meu trabalho, AMAVA todas minhas colegas, enfim tudo...Vi escolinha, muito boa pertinho do trabalho, os diretores me liberaram para sair mais cedo, ficar mais tempo com minha filha no almoço...Mas decidi pela minha filha, mesmo com todos esses benefícios.
    Pensa bem, se dá não mesmo para vc parar de trabalhar, não tenho nada a ver com sua vida financeira, mas será que dando umas apertadinhas, não rola?
    E outra coisa, conheço várias mamães que deixaram seus bebês na creche e eles são simplesmente demais, espertos e não esquecem de suas mamães :)
    Qualquer que seja sua decisão, será a mais acertada para o seu filho, pode ter certeza...Poque ninguém melhor que a mamãe e o papai para definir os cuidados do filho.
    Beijos

    ResponderExcluir
  4. sinta-se abraçada e acariciada viu!!!

    Sei como é sofrido pras mamães deixarem seus filhos com outras pessoas ou na creche... mas fazer o que?

    senti muito sua falta e fico feliz em saber que apesar de tudo vcs estão bem... se cuida viu!!!

    ResponderExcluir
  5. ô lindona, super te entendo.Foi decisão minha ser mãe full time, apenas porque trabalhar pra mim não compensa, já que teria que pagar mais de 300 em uma creche,e tmb porque meu plano sempre foi engravidar logo em seguida e curtir os dois piás com idades próximas, e aproveitar pra descansar rs Eu estou sofrendo com a hipótese de colocar o Bryan na escolinha, e ele tem quase 3 anos, imagina ficar longe de um bebê? Mas assim que a Isabela nascer, meu projeto é ficar apenas 9 meses em casa,e depois ir pra labuta.Não sei se este pensamento irá continuar vivo até lá, mas sinto que se ficar em casa vou querer emendar logo no terceiro filho hauhsuhauhsuhas
    Sobre a tintura de algodoeiro super recomendo, por experiência, e como farmacêutica rs eu tomei e o leite descia que era uma beleza.Tão bom amamentar sem dor.Lembro como se fosse hoje quando eu parei de sentir dor, e o danadinho quis largar o peito kkkkkk
    até hoje durmo agarradinha com o Bryan *_* não tem coisa melhor.
    bjos

    ResponderExcluir
  6. Ai, sofri junto lendo esse post tamanha identificação. Estou com muita dificuldade de aceitar a possibilidade de ficar longe da Letícia e o pé está na direção do balde mesmo sem poder. Se pelo menos fossem apenas algumas horas, mas no meu caso seriam 12 horas porque ainda tenho que atravessar a cidade!!
    Queria muito ter essa experiência superada para te dar palavras de conforto, mas posso te desejar muita força e torcer para mês que vem você me contar como faz para superar a fobia de ficar longe da cria.

    ResponderExcluir
  7. Eu já passei por isso, sei bem como é! Mas de coração? Eu sofri mais antes que qdo realmente aconteceu. Não queria voltar a trabalhar e hj eu QUERO continuar trabalhando fora. Preciso desenvolver, construir algo, de produzir! Louco dizer isso, mas queria q vc se sentisse abraçada e q tem todo o direito do mundo de sentir assim, de colocar pra fora, mas há vida além maternidade, acredite! E ela não é de tudo ruim.
    Beijos, beijos e muitos beijos!!!

    ResponderExcluir