quinta-feira, 9 de junho de 2011

All we need is love (and food)

Ok. Chegou a hora de fazermos o safari. Amanhã iremos para o parque e, caso não sejamos devorados por um leão faminto, volto para contar como foi assim que possível (o que, espero, não seja daqui a três dias, quando termina a aventura). Dos medos que envolviam este safari, já posso riscar um (o voo até a cidade mais próxima do parque) e acrescentar mais outro: o frio. Está tão frio, mas tão frio aqui que acho que os bichinhos vão me reconhecer pelo cheiro. Vai ser um tal de "ih, lá vem aquela maluca do casacão bege" e "olha, aquele urubu está voando só com uma asa" (porque a outra estará tapando o nariz), afinal, sabe-se lá se será possível tomar banho com os 3 graus que estamos enfrentando.
Mas nem só de tormentos congelantes vivemos nós, os recém-casados - sim, marido não para de contar isso para todos por aqui. Então, vou aquecer seus coraçõezinhos.
Chegamos no hotel depois de um voo caótico. Ventos loucos, decolagem e pouso com tremeliques e chiliques (fiquei tão nervosa que senti um calor miserável e, ao descer no aeroporto, achei que os três graus estavam bacanas, fresquinhos e agradáveis). Claro que eu não comi durante essa viagem maldita. Deixei para me alimentar no hotel, já devidamente instalada e com os quatro dois pés no chão. Rá! Óbvio que o restaurante do hotel estava fechado, que o hotel fica longe para dedéu de qualquer lugar habitável e que o McDonald's por que passamos não faz entregas. Pânico. Se houvesse calor, um fio de suor escorreria por minha fronte, mas o máximo que consegui foi um esganiçado "ahhhnn...". Bom, de vez em quando é mesmo bom ter cara de maluca, pois a mocinha da recepção se apiedou de minha pessoa e se ofereceu para me levar (e me trazer de volta, em um PT Cruiser com aquecimento!!) no tal McDonald's (a única coisa que ainda vendia algo parecido com comida por perto).
Não aceitei, claro. Mas meu estômago, esse maroto, roncou tão alto que abafou minha educação e tudo o que me restou foi agradecer com todo o meu ardor.
Embarquei no carro da moçoila, nervosíssima, pois não sei muito bem como agir em situações assim: fico grata, mas tão grata, que quero pagar com aquilo que tenho de melhor, que é minha habilidade com as palavras. Seria ótimo diverti-la nesta noite fria com ótimas histórias e gracinhas. Seria, se eu dominasse o inglês, né? Então, o que eu fiz, na verdade, foi um constragedor discurso de como fomos enganados pelo motorista de táxi que nos levou ao hotel, repleto dos mais clássicos e atrozes erros de sintaxe e concordância. (Alô, IBEU! Precisam de alguém para servir de exemplo do que NÃO dizer?)
Enfim, tentei, errei, me esforcei (ela também) e, conversa vai, conversa vem, eu pergunto o nome dela e sabem o que ela me responde?
- Meu nome é Lerato, e na minha língua, significa AMOR.
Não é lindo? Em plena lua de mel o amor se apieda de minha fome e me leva, num carro confortável, estiloso e quentinho, para arranjar comida.
Cheguei à conclusão de que, realmente, os quatro rapazes de Liverpool estavam certos: tudo de que precisamos é amor (e alguma comida).

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