A primeira palavra que passa a fazer parte do vocabulário das mães deve ser ansiedade. Mesmo a mais zen, a mais ponderada tem suas angústias assim que se descobre grávida ou, não raro, mesmo quando começa a planejar a ampliação da família.
Para mim, a ansiedade é plural e composta por quatro letras.
M
De menstruação.
Muitas mulheres têm uma relação complicada com seus períodos. Cólicas, intensidade do sagramento, variações de humor, inconveniência, muitas são as reclamações que coleciono nesses quase trinta anos de feminilidade. E realmente, ser mulher e menstruar impressiona. Aos seis anos impressionava porque era sangue, e nossas mães diziam não estar machucadas. Hoje, aos 29, impressiona porque está intimamente relacionado ao poder de gerar, parir e perpetuar a vida. É visceral. Mas, para mim e meus ovários policísticos, menstruar é um motivo de ansiedade, já que nunca sei quando acontecerá, nem em que intensidade e, sobretudo, se fará parte de um ciclo ovulatório e, portanto, fértil.
E
De estrutura, de estabilidade.
Não conseguiria contar a quantidade de vezes que pensei sobre o assunto. Existe um dito popular que afirma que "filho vem com pão debaixo do braço", mas como classe média
D
De dor.
Morro de medo de dor. Com o parto não poderia ser diferente. Mas meu medo da dor não se limita ao momento do nascimento, com suas contrações misteriosas, suas intervenções indesejadas. Morro de medo da dor que um parto diferente daquilo que desejo possa me causar. E falo aqui bastante especificamente da cesárea. Não sou radical e tenho bem claro que ser uma boa mãe não está necessariamente relacionado ao tipo de parto a que fomos submetidas (se não, mães adotivas jamais seriam boas mães e isso definitivamente não acontece). Porém, quero muito, muito, muito ter um parto normal, sem anestesia
O
De ônus.
Sendo muito sincera, nem só de alegrias vivem as mães. E aquilo que não é só alegria me deixa ansiosa, pois preciso de garantias inexistentes de que conseguirei lidar com uma nova realidade feita de sono entrecortado, baby blues, cansaço, birras, manhas, rebeldia (adolescente ou não), brigas, dores, dores, dores. Serei eu capaz de ser uma boa mãe mesmo sendo posta tão à prova?
Então, minha ansiedade tem quatro letras: M-E-D-O
Conseguirei eu ser mãe? Conseguirei eu ser uma boa mãe?
Tenho muito medo porque não posso determinar o que o futuro me reserva. E assim, tentando antecipar dores e alegrias, fico presa, impedida pelo carimbador maluco que carrego dentro de mim de ultrapassar esse clichê: da ansiedade da treinante.
E vocês? Quantas e quais são as letras da sua ansiedade?
As minhas são as mesmas que as suas! Morro de MEDO! De tudo... aff
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