terça-feira, 3 de julho de 2012

Vamos cantar o Blues da Piedade

"Quero cantar os blues/com o pastor e o bumbo na praça/ Vamos pedir piedade/ pois há um incêndio sob a chuva rala/ Somos iguais em desgraça/ vamos cantar o blues da piedade"

Cazuza e puerpério pode ser uma boa combinação. E esse post vai com o Blues da Piedade como trilha sonora, porque você, mãe, blogueira, que já teve um recém-nascido pendurado 24h nos seus peitos esfolados enquanto assiste à toda grade televisiva (viva a tv a cabo!), da manhã, da tarde, da noite E da madrugada, você há de ter piedade dessa mãe em pleno puerpério, curtindo um blues: o baby blues.
Estamos ótimos, tudo lindo, certinho, saúde e leite por aqui. Mas também aquele desespero quando o baby chora e só os peitos (rachados e esfolados) salvam. Aquela tristeza de viver, há 16 dias, o dia da marmota que só mama e quase não dorme. E, é claro, aquela culpa de estar sentindo tudo isso, porque, oras não era o que você queria, Ártemis?, achou que um recém-nascido fizesse o quê, malabares com as chupetas?
É, eu sabia, e agora eu sei mais. Acontece que eu, ligada no 220, trabalhadora e moça muderna desse Brasil varonil, estou dependente do marido até para fazer xixi - aliás, sobretudo para fazer xixi. Hoje, pasmem, fui de sling aqui embaixo, comprar absorvente. E esse é o tipo de grande acontecimento: ir ao banco, na farmácia, no mercadinho. Em breve faremos um ousado passeio até o café do outro lado da rua, para que eu assista ao marido beber café (enquanto eu finjo, mesmo com esse calorão louco em pleno julho, que estou em Paris).

Só quem já teve um recém-nascido vai entender que, apesar do tom melodramático deste post, está tudo lindo e ótimo por aqui.
Prometo voltar assim que o pequeno dormir de novo e me deixar pelo menos um braço para que eu escreva um post meio tosco, como este.

6 comentários:

  1. Bom saber que as coisas estão caminhando dentro da NORMALIDADE... quando minha filha era uma RN eu me vi comemorando o fato de ir lá embaixo levar o lixo de casa! Uhuuuu... passeio emocionante!

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  2. Bem vinda ao mundo materno, eu também estou ficando quase maluca com o fato de estar trancada 24 hs dentro do apto, o máximo que faço e ir ao pediatra e à gineco.
    E assim como a Leila, também comemorei a primeira vez que fui à lixeira do prédio, após 15 dias de nascimento do Gustavo.
    Não é nada fácil, mas o bom é que vai passar (pelo menos que o que dizem...).
    Um forte abraço!

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  3. Ain que saudade!!! Morro de medo da "realidade" pós parto, mas tenho certeza que olhar aquela carinha linda enquanto vc amamenta (msm com os peitos todo exfolados) faz tudo valer a pena! Bjos para os dois!

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  4. Ártemis,

    esse relato me faz lembrar um pouco o puerpério do Lucas, meu mais velho.

    Foi assim mesmo, bem punk. Fiquei mega cansada, insegura se satisfazia as necessidades dele e, pra coroar tudo isso, meus peitos ficaram mega esfolados e pra cada mamada eu tinha que respirar fundo.

    Hoje me lembro disso tudo como uma névoa, o quarto na penumbra. Mas é bem presente a lembrança de que não foi fácil.

    Enfim, mas as coisas mudam. Daí vc começa a sair de casa, leva o lixo lá embaixo, vai na farmácia, leva prum solzinho na pracinha. Aí as coisas vão se ajeitando.

    Outras fases vem, também com suas dificuldades. Mas acho que com o nosso amadurecimento como mães, vamos nos preparando pras novidades.

    É até meio ridículo falar nisso, mas recomendo a leitura de "a maternidade e o encontro com a própria sombra", da Laura Gutman. Sei que o tempo é escasso demais e qq tempo é um luxo, mas acho que dá pra ler uma duas linhas ou até um parágrafo durante as mamadas (quandos os peitos deixarem de doer óbEvEo). Ela aborda muito bem essa ligação mãe-bebê.

    Beijocas pra vocês!

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  5. Adorei a comparação com o "dia da marmota"! hahahaha! Eu usava exatamente essa metáfora nessa fase do amamenta-arrota-troca. Passa, viu, e vai ficando cada vez mais gostoso... E olha, ver as mãozinhas mini deles, aquele cheirinho de bebê... ah, delícia! beijos

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  6. Oie
    Só de lembrar do meu babu blues já me dá calafrio, já que em 6 meses irei viver tudo novamente (que emossaum). Já vou me preparando psicologicamente para acompanhar toda a programação da madrugada e ter as peitchas a disposição do pequenino. Mas digo: melhora. EU sei que tanta gente deve dizer isso, mas é a mais pura verdade e digo por experiência própria. De fato melhora tanto que quando você menos esperar já está embarcando na aventura do segundinho que nem eu rs
    Bjos

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