Apenas: essa saudade inquietante, uma ansiedade belicosa, uma irritação amorosa e cafonices e contradições. Acordei meio fora de mim, com o coração palpitando e Arthur ficando em pé sozinho (já desde o dia 17 de março, mais ou menos, na verdade). Não anda, mas dizem que se estou longe repete mamamamamama, e quando estou perto chama papapapa.
As grávidas perto de mim já são mães, e eu morro de saudades do parto. Cada dia lembro com mais doçura, com certos arrependimentos (ah, no próximo quero mais fotos da barriga, do trabalho de parto, dos primeiros dias), com muito aperto no peito. Um peito que jorra: Arthur mama bem, mas ainda produzo muito. Ainda bem. Depois de tanta luta, tanto esforço, acho que vou acabar tendo de doar leite, porque ontem joguei fora quase um litro. E aqui fico eu, emotiva, chorando o leite derramado, o leite produzido, o leite que um dia ele vai deixar de mamar para ir viver a vida por conta própria. E então Arthur se levanta, sozinho, abre os bracinhos, olha para mim e sorri. Mas se eu saio de perto, se joga de gatinhas e corre, dispara feito um bólido, engatinhando com um joelho e um dos pés, numa charmosa e fofa demonstração de que somos diferentes em nossas soluções e em nossas vivências.
Diante de mim, uma decisão gigantesca. Aperta, oprime, mas também liberta. Ando emotiva como o diabo, feito Drummond, sem conhaque, com algum Chopin, embora esteja mais para Rossini ou Tchaikovsky. E em meio às bombas e à Marselhesa, vem vindo, vem vindo, vem vindo: essa onda de sentimentos vários. Daí Arthur acorda com calor, pede para mamar e eu me pergunto: por que trabalhar longe do meu filho?
O dia nasce, a vida retoma sua rotina, e, diante de mim, a melhor escolha da vida, a decisão mais importante e a vida que não para.
Como se chama o nome disso?
Amor de mãe!
ResponderExcluirQuerida Ártemis, eu me senti mais ou menos assim esse dia ó:
ResponderExcluirhttp://www.apequenaquepariu.blogspot.com.br/2012/04/o-que-eu-escrevi-em-14-de-janeiro-de.html
Acabei mandando um e-mail para mim mesma, coisa de doida, eu sei... Mas eu queria gritar que tava tudo errado, sabe? E não podia gritar...
bjo!