segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Entre memes e mimimis (senta que lá vêm as histórias!)

Passei o feriado todo meio borocoxô, mesmo tendo viajado com o pequeno. Acho que tem a ver com os momentos todos da vida: creche, volta ao trabalho, falta de grana, urucubacas da vida cotidiana, leite que preciso estocar etc. etc. etc. (e bote quantos mais etc. você quiser).
Aí, nessa coisa meio finados na cachola, cadê parar com o mimimi? Mimimizei quinta, sexta, sábado e domingo. Nem eu me aguentava mais! Mas como "ali onde eu chorei qualquer um chorava", resolvi ir em frente na música e levantei, sacodi a poeira e dei a volta por cima. Hoje, segundona chuvosa pós-feriado, voltei para casa e pensei: que beleza! Vai ser tudo lindo, bora para o primeiro dia de adaptação na creche, pessoal da blogosfera gostou do novo layout (uhuuu!!), bora viver essa vida linda que tem aí na minha frente e...
Cara, sério: senta aqui do meu lado, no fundo do poço rotinístico, e chora comigo!

[Sentou? Então aproveita a proximidade e tasca um abraço aí que a coisa tá feia - mas daqui a pouco acaba o mimimi, prometo!]

Resolvemos voltar da viagem do feriadão hoje de manhã, para não pegar muito trânsito. Só não contávamos com a astúcia do Arthur, que chorou a noite toda, talvez boladão com a tempestade que caiu na madrugada. A viagem começaria 10 da manhã. Onze e meia eu e Arthur ainda cochilávamos, esgotados pela noite de ontem. Pegamos a estrada (vazia, o que me parecia um sinal auspicioso. Tola eu!) um pouco atrasados no cronograma: 13h. Arthur, nessa hora, costuma dormir um soninho gostosinho. Exceto quando anda de carro, né? Então, ele sentadinho, na cadeira da tortura, berrou por exata uma hora e sete minutos cheios. Depois de esgotar minha garganta e meu repertório de musiquinhas infantis, capotou. Que ótimo, não? Seria, se não estivéssemos na porta de casa. Então, tendo dormido cerca de 15 minutos, Arthur foi despertado. Abrindo as malas e guardando as coisas,  descobri que meu xampu vazou na bolsa (todinho!) e meus 9 potinhos de leite ordenhado e congelado DESCONGELARAM durante a viagem. [Por favor: chore comigo!] Pensei em fazer um bolo com meu próprio leite, já que tinha para mais de meio litrão ali prestes a ir para o lixo e Arthur não pode leite de vaca-bicho, só da vaca-profana aqui. Desisti da ideia ante à ansia de vômito que meu comentário causou no marido. Daí, lágrimas enxutas e tetas para fora (ordenha de novo, Ártemis! Quem faz meio, faz um litro!), constatei que, com a misericórdia do senhor dos leitinhos congelados, apenas dois potes haviam de fato descongelado. Emocinei-me, leitores. E me enchi de novas esperanças nesse dia tão fatigado.
Arthur começava na creche 14h e já eram 14h32 quando resolvemos almoçar. Vestimos o moleque, enfiamos seu corpinho cheiroso e arrumado no sling, arrumamos a malinha do primeiro dia e tocou o interfone. Fiquei felizona: estou esperando uma encomenda de mamadeira para o pequeno e achei, de verdade, que era o porteiro avisando que era o correio. Ahahahahahhahahah
Era a Light (companhia de energia elétrica aqui do Rio), avisando que estavam aqui para cortar a energia. Oi, moço? É, senhora, atraso da fatura de setembro, na última conta veio o aviso de corte, a senhora não pagou, vamos cortar. [Por favor: se desespere comigo! E me mande um dinheirinho, porque tá rodis aqui, viu?]
Bom, não teve argumento, pagamento ou choro que resolvesse a situação: cortaram a luz! Agora, você visualiza a cena: casa sem luz, bebê no sling, marido com a bolsa da creche, eu, com menos duzentão de leite materno no estoque do filhote (e o restante perigosamente num congelador sem energia), conta atrasada, atrasada no horário, menstruação atrasada (ops, isso não!), precisando ainda ir almoçar e adaptar o filho, que agora reclamava de sono, calor e pasmaceira (experimenta colocá-lo no sling e ficar parado para ver o que te acontece!).
Bom, pior que isso não podia ficar. Podia?

[Pausa para uma importante lição que recebi na faculdade: um professor meu, logo no primeiro período, ensinou-me que para a felicidade ou sorte sempre existe um limite; para o azar ou a tristeza, porém, sempre se pode cavar mais um pouquinho no poço e chafurdar mais e mais na lama das mazelas.]

Claro que podia!
Pagamos a conta atrasada numa fila quilométrica de banco popular (depois passo o número da agência e da CC para depósitos caridosos) em pleno dia 5. Todos os velhinhos do meu bairro, que tem muito velhinhos, estavam recebendo suas aposentadorias, ali, naquela hora. E todos os velhinhos do mundo AMAM bebês e sempre comentam do sling. Respirei fundo ante pitacos e comentário sem noção ("não machuca a perninha?", "coitadinho, todo encolhido/enrolado/apertado/espremido!", "vai dar problema no/na _______ [complete aqui, que estou sem paciência, mas pode ser qualquer parte do corpo ou aspecto da psiquê humana]"), e sorri e fui simpática com os comentários fofos (afinal, velhinho nenhum tem culpa da minha urucubaca, né?). Conta paga, bora almoçar voando e levar filhote para creche.
Tudo deu certo nessa parte do dia e achei que, enfim, minha maré de azar estava mudando.
Já dava uma banana mental para aquele meu professor quando entrei na salinha do berçário. Beleza: apenas dois bebês, menos estímulo e novidade para um Arthur sonado e meio mal-humorado com o dia so boring que eu estava lhe proporcionando. Meu sorriso se abriu, mas logo foi dispersado pelas tosses encatarradas dos dois bebês. Sim, amigos e amigas, os bebês estavam doentinhos e fizeram questão de partilhar TO-DOS os brinquedinhos que enfiavam em suas boquinhas virulentas com meu filhote saudável e tratado a leitinho da mamãe (Arthur ficando resfriadinho em 5, 4, 3...).
Respirei fundo, pensei que meu filho tinha imunidade por conta do meu leitinho, que era inevitável, vitamina S, bora pra frente que o dia tá tipo na metade. De repente, na janelinha do berçário surge marido: trouxe o cheque, porque a creche vence hoje. Passei meu cheque-voador e pensei: na saída da creche transfiro a rapa do tacho da poupança para cobrir o cheque, e vamos frilar o resto da vida para dar conta de tudo (alguém querendo me oferecer um emprego que pague mais?).
Arthur gostou dos amiguinhos, se acabou de rir para as professoras da creche, colocou todos os brinquedinhos melecados pelos amiguinhos ranhentos na boca e até dormiu, para mostrar que delícia ele é e como vai ficar ótimo sem a mamãe.
[E afinal me senti melhor, porque se vou sofrer de qualquer jeito, então que pelo menos eu sofra com meu filho ficando bem na creche, né?]
Decidimos, na saída da creche, antes de ir ao banco, que dormiríamos na casa da sogra, porque sem luz e com um bebê de 4 meses cheio das rotinas de sono não ia rolar (e toda mãe sabe que romantismo é só até antes dos filhos nascerem e depois que eles saírem de casa, logo, nada de "luz de velas, que coisa bacana"). No banco, errei minha senha por 3 vezes e, tal e qual Pedro negando Cristo, fui jubilada da alegria de fazer transações no caixa eletrônico (que é o equivalente moderno de ser estigmatizado como herege, dos tempos de Pedro). Banco fechado, senha bloqueada, cheque-voador planando como um Zepelin na praça, filho ainda com sono, sem luz e a caminho de uma noite na casa da sogra. O que mais poderia acontecer?
Acreditem: muita coisa! Mas o que aconteceu mesmo foi um amigo meu telefonar e dizer que a pessoa que estava com uma encomenda para o Arthur em SP (e que ele feria o imenso favor de trazer ao Rio) saiu de casa e o deixou do lado de fora da casa, tocando a campainha. Resultado: no donuts for me. Neither for Arthur. Ou, em outras palavras, adiós amigo!
Já na casa da sogra (com direito a novo transporte de potinhos de leite congelado e tensão absoluta no engarrafamento por conta disso), Arthur de banho tomado, ritual sonístico realizado, dormindo feliz (enfim!) na caminha... Claro que ia babar, né? Sogra chegou em casa brigando no celular, aos berros, causando frisson, agitando cachorro, que latiu muito, sobretudo depois que ela tocou a campainha freneticamente, como se não houvesse amanhã.
Resultado? Falta apenas uma hora e dez minutos para acabar este dia terrível, e as duas únicas coisas que o salvaram de entrar para o rol dos dias mais terríveis do universo foram o meme da Lilian (que postarei amanhã, querida, adorei a lembrança!) e a suuuuupergargalhada que meu filho deu para o papai.

PS: Minha sogra, apiedada da minha situação, pediu um japa especial, para aquecer meu coraçãozinho sofrido. Mas Arthur, claro, acordou, quis que eu ficasse grudadinho nele e não me deixou jantar. Para que eu não ficasse com fome, ela e marido deixaram umas peças para que eu comesse depois. Deliciosos rolls de hot filadélfia, cheinhos de cream cheese, que eu NÃO POSSO comer por conta da dieta de APLV. Diz aí: urucubaca feelings total, não? 

5 comentários:

  1. putz, mas que zica, heim D. Ártemis!

    Mas veja só: faltam só 15 pro dia acabar de vez!

    beijios

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  2. Sinta-se abraçada querida!!!

    respire fundo e repita comigo: vai passar, vai passar, vais passar!!!

    bjus

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  3. Ai meu Deus! E eu ainda te mando um tal de 'meme' e me esqueço do seu anonimato! desculpa! sou desligada demais! rsrsrs! (agora foi a vez do meu marido me trollar e dizer que o meme não foi a parte boa do seu dia, que é sacal ficar respondendo isso... fique à vontade para não responder, ok?!).
    Ah, mas preciso te dizer que já ficamos sem luz por aqui exatamente no primeiro dia em casa com a minha primeira filha! chegamos com nosso 'pacotinho' e quedê a luz????? tenso?! toca aqui!
    um beijo! e dias melhores virão!

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  4. Cacete que vc tá pior que eu!
    Deu até pra eu dar um sorrisinho e sentir a pontada da esperança - que eu já de afundá-la no mais profundo buraco negro do meu ser - pronto, passou.

    Mas seguinte, isso se chama VIDA ANIMADA.
    hehehe e isso é bom! Isso é muito bom!

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