segunda-feira, 15 de abril de 2013

Depois de tudo, o choque de realidade (ou: Mães são todas LOUCAS)

Depois da notícia da mudança (muito obrigada pelas mensagens carinhosas de apoio, incentivo e felicitações!), depois do aniversário de relacionamento, depois da carta para a obstetra, eis que eu me encontro aqui, uma da matina de domingo para segunda, bebê capotado ao meu lado (amém!), cheia de mate na cabeça, angustiando-me por quê? Por quê? Ora, porque sou mãe, e sendo mãe, sou incoerente.
Senta que lá vem o trololó!
Todo mundo aqui está careca de saber que eu sofri quando Arthur foi para a creche. Todo mundo sabe que eu ainda sofro porque estou longe do meu bebê-delícia durante a semana (mas ontem eu o vi dando seu primeiro passinho! Chorem comigo!). Todo mundo sabe que estou me mudando para Chicago. E, juntando lé com cré, não fica difícil deduzir que, sem precisar ter de trabalhar nove horas num escritório, vou ficar com bebê-delícia full time nos States. Ótimo, não?
Sim, claro. Esse sorriso histérico no meu rosto, essa ruga entre as sobrancelhas, as unhas roídas e o fio de cabelo branco que acabou de brotar no cimo de minha cabeça não são nada, porque, afinal de contas, seria bem incoerente que eu ficasse doida para estar mais tempo com filhote e, tendo a oportunidade, eu acabasse desesperadamente preocupada e tensa de não ter mais tempo para mim (oi? eu tinha tempo antes? tenho tempo agora? claro que não!), de ficar exausta a ponto de mal saber meu nome no fim do dia (oi? eu ando supersoltinha e desacansada, dormindo todos os dias até duas da tarde? claro que não!), de ficar tão estressada a ponto de rosnar para "eu te amo" e gritar "o que fooooooi???" em resposta à simples menção do meu nome (oi? que foooooi???). Não seria?
Claro que não!
E eu estou exatamente assim: tensa, ansiosa, angustiada, prevendo os piores cenários da anulação pessoal e profissional (drama queen), antevendo catástrofes domésticas do tipo: marido chega em casa e eu, sentada no sofá, olhar catatônico, Arthur rabiscando a tela da TV (as paredes já não têm mais espaço), fumaça negra sobe das panelas no fogão e eu suspiro "acabou o papel higiênico". Dona de casa fail. Mamãe fail. Vida glamour com bebê-delícia fail.
Depois da euforia das alegrias e emoções, a realidade enfiou-me a mão na cara. CATAPLAF!
Eu nunca fui dona de casa: vai acabar o papel higiênico, vou queimar o arroz, bebê-delícia (que ultimamente tem se mostrado deliciosamente tocador de terror!) vai comer pasta de dente e jogar toalhas dentro do vaso, vou acumular roupa para lavar, não vou conseguir manter a faxina em dia, a comida vai ficar insossa e ora será muita, ora será pouca, meu cabelo continuará grudado, minhas olheiras se arrastarão pelo chão, minhas roupas continuarão desconjuntadas, minhas unhas ainda ficarão por fazer e escovar dentes permanecerá atividade recreativa para fins de semana.
Então, por que raios ando tão ansiosa por ter minha vida de pernas para o ar, um caos, só que sem faxineira, sem vovôs e vovós para dar aquela ajuda marota, num frio de lascar e tendo que falar outra língua?
Ora, simples: porque, além de serem todas LOUCAS, mães são seres que respiram cabelos, comem sorrisos, bebem palminhas, dormem passinhos, sentem bá-bá-bás e se saciam com os corpinhos mornos de seus filhos.

3 comentários:

  1. É difícil, é complicado demais toda essa parte da anulação e o não dar conta da vida mãe/esposa/dona de casa tudojuntoagoraomesmotempojá, ontem ouvi do meu marido que eu tinha que ser menos carrasca de mim mesma e me colocar como prioridade. Opa até consegui lixar as unhas e escovar os dentes, veja só, mas dai passou a vibe e voltei a ser a mesma neurótica de todos os dias que dorme mal, acumula roupas para lavar, não faxina a casa e ainda tenho uma pilha de roupas de nenê para passar! Juro que to tentando aprender a administrar isso, mas tá difícil, acho que me cobro demais sabe?!?! Mas também acho que todas passam por isso, e esse fato me conforta um pouco...

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  2. É realmente complicado, mas a chave para o sucesso e não levar tudo tão a sério. E ROTINA sempre.
    Isso já ajuda uns 80%, porque os outros 20% sempre serão dúvidas, dúvidas e mais dúvidas. Não conheço nenhuma mãe que esteja 100% segura em tudo o que faz. bjos

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  3. Vão ter dias melhores e outros mais ou menos em Chicago, mas ó, acho que no final do dia, mesmo que sem papel higiênico e com arroz queimado, o saldo será positivo. Curtir a infância do seu bebê, ter a oportunidade de viver outra cultura, a chance de mudar tudo... vale muito a pena! Você vai pensar: putz, tô bem cansada (talvez até mais cansada que atualmente), mas tô tão feliz! : ) bjo

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