quinta-feira, 27 de setembro de 2012

100 dias com ele

Cem dias e parece que nunca vivi sem ele. O que de certo modo é verdade porque esperei por ele anos e anos. Tá certo que achava que seria mãe de uma menininha. Mas só porque minha família só gera mulheres e, antes do Arthur, o último homem que havia nascido fora em 1959. Então, exceto por esse detalhe (não insignificante, é claro, mas ainda assim um detalhe), eu passei toda a minha vida adulta com Arthur, gestando a ideia de concebê-lo, pari-lo e criá-lo.
Quando me descobri grávida, estive grávida da ponta do cabelo à unha do pé: enjoei, dei piti hormonal, comi coisas loucas (não bebi coisas loucas), fiz xixi no palito, exame de sangue, ri sozinha, chorei acompanhada das malditas estrias, tive medo, esperança, confiei cegamente e me abandonei na aventura. (Outro dia até me peguei pensando, muito surpresa, que confiava tanto em que eu conseguiria parir que nunca passou pela minha cabeça que eu poderia precisar de uma cirurgia e que eu não tinha dinheiro para pagar equipe cirúrgica particular! Olha que doideira!) Vivi para e com Arthur por muito mais que os 9 meses de gravidez.
Quando ele nasceu, saí derrubando mitos meus e alheios. Sambei na cara da sociedade cesarista, como vocês já sabem, e também desmistifquei dentro de mim muita coisa da maternidade. Coisas boas, como o mito do amor instantâneo pelo recém-nascido, e coisas ruins, como dificuldades de relacionamento entre pais e filhos ou a minha incapacidade de criar e sustentar um filho (um dia, quem sabe, falo um pouco mais sobre isso por aqui). Renasci em mim mesma e no pequeno ser que acabava de trazer ao mundo.
Agora, cem dias depois, ainda estou trabalhando arduamente na reconstrução da minha identidade, agora partida no binômio mãe-bebê e na multifacetada mulher do século XXI. Também me empenho em usar o tempo de licença-maternidade para conhecer meu pequeno filhote, para criar e estreitar laços, para ir fundo no verbo maternar. E é difícil, viu, gente? Não pelo Arthur, docinho de menino, bebê delícia, mas por mim. Saber construir a mãe que quero e posso ser é tarefa exaustiva, e que jamais se esgota. É se questionar e rever conceitos, ideias e possibilidades todos os dias. É buscar se encaixar em uma realidade cambiante, e muito mais cambiante que a vida sem filhos porque há, além das variáveis da vida cotidiana normal, uma vida absolutamente dependente de mim. Agora, cem dias depois de parir Arthur, sei que estou cansada, mas profundamente feliz e realizada. Cem dias com ele são muito mais que cem dias com ele: é toda a nossa vida como mãe e filho. E como é bom viver essa nossa toda vida!

5 comentários:

  1. Ártemis, adoro ler os seus posts... 100 dias com Arthur, passou rápido.
    Me emociona só de lembrar do seu relato do parto, relato de uma mulher de coragem, amor, fibra... Te admiro muito viu!
    Que esse homenzinho aí te proporcione momentos únicos cada dia mais e mais.

    Bjos

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  2. Meu Deus!!! já fazem sem dias que o pequeno nasceu!!! Como passou rápido, daqui uns tempos ele já vai estar te apresentando a namorada rsrsrsrsrs

    bjus

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  3. Ai Meu Deus!!! Já se passaram 100 dias??? Alguém pare o tempo por favor, daqui a pouco será o post de um aninho e eu aqui morrendo de amores!!! Amiga manda uma foto atual pra eu ficar um pouco mais chocada de que esse bebê está virando um rapaz! Bjos

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  4. como passou rápido. Engraçado que depois de ter um filho, a gente fica tentando se lembrar como era a vida sem filhos, e na minha mente não vem nada rs só consigo lembrar da minha vida com o Bryan.
    Parabéns pelos 100 dias. Mamãe e bebê.
    bjs

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  5. parabéns pelos 100 dias de maternagem!!!
    eu às vezes quero parar o tempo um pouquinho, porque ele corre muito depressa, não? bjo

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