sexta-feira, 28 de setembro de 2012

E o bom conselho?

Vocês já me viram dando muito ataque de pelanca por conta dos pitacos que recebi e ainda recebo sobre como criar o meu filho e tocar a minha vida. Acontece que, conversando com uma das amigas grávidas (uma que agora é ex-grávida porque o filhote lindíssimo dela nasceu!), e dando meus pitacos (quem resiste? hipocrisia com sinceridade pode?), percebi que alguns conselhos que recebi foram surpreendentemente bons!
Daí, resolvi fazer uma listinha do que funcionou aqui em casa e que pode ajudar alguma grávida ou mãe recente nesse mundão wireless e 3G de meu deus.
E se você for adepta do ditado que diz que "se conselho fosse bom não se dava: vendia-se", aceito o depósito de uns caraminguás na minha conta... heheheh

  • Sobreviva - acho que esse foi um dos melhores conselhos que recebi para o puerpério. Nossa sociedade midiática e imagética cria estereótipos tão distantes da realidade que não raro nos frustramos com a doce vida que levamos. Eu, como representante da classe média achatada e (mal-)resolvida da zona sul carioca digo, minha realidade é doce, sim, pois tenho comida no prato (chã, patinho ou lagarto do Prezunic, mas é comida!), um teto (alugado) e pequenos luxos (creche para o filhote, tv a cabo e queijo brie na geladeira de vez em quando). Mas o que vemos na mídia são supermães, que perdem todos os quilos da gravidez no primeiro mês, têm peles maravilhosas e sem estrias, espinhas ou cravos, cabelos sedosos, nada de olheiras, corpos recuperados (em termos estéticos) em poucos dias. Males da nossa sociedade (desde os tempos de Pessoa, mas talvez ainda mais distante no tempo e mais profundamente em nossa cultura, não sei) que são potencializados pela mídia, até mesmo a mídia "informal", como os blogs. Afinal, minha gente, quem nunca viu por aí, nos blogs, supermães cujos filhos são lindos, espertos, maravilhosos e irretocáveis, cujos partos foram enlouquecedoramente perfeitos e cujos puerpérios são tirados de letra, sem estresses, sem tristezas, e elas nunca, jamais, em momento algum erram (e se erram é somente para fazer algo ainda mais brilhante na sequência)? Então, minhas amigas, sobreviver é um conselho maravilhoso! Porque uma mãe de primeira viagem não sabe um monte de coisas, precisa se adaptar e adaptar a família toda a uma série de coisas novas, porque uma mãe recém-nascida está louca de hormônios e está sendo sugada literal e emocionalmente por um serzinho absolutamente desconhecido e muitas vezes idealizado (o que leva a frustrações quando, por exemplo, o bebê não dorme a noite toda desde que voltou da maternidade, como o bebê da vizinha da prima da tia do marido). Logo, sobreviver, fazer o que dá, como dá, quando dá é ótimo. Não tente ser supermãe logo de cara. Não dá. Por maior que seja o instinto materno, você vai errar ou se desesperar ou as duas coisas juntas em meio a uma crise de choro do baby blues. Sobreviva. Aos poucos monte rotina, conheça seu filho, descubra o melhor caminho para vocês.
  • Respire - quando nada parece estar sob seu controle ainda existe uma coisa que você pode controlar e que vai realmente te ajudar a ir adiante e ultrapassar a agrura da vez: respirar. Respire de maneira consciente, inspirando e expirando.
  • Durma quando o bebê dormir - dane-se que tem visita na sala. Ela provavelmente dormiu a noite toda e vai dormir essa madrugada também. Quanto a você, já não há garantias. Então, durma!
  • Faça uma cestinha - em uma cestinha com alça (ou qualquer outra coisa com alça), coloque comidinhas (frutas, barrinhas de cereais, nozes etc.), uma garrafa de água, os telefones (celular e sem-fio), um caderninho e uma caneta. Carregue com você pela casa. No começo você se sente uma idiota fazendo isso, mas depois você vai perceber quão independente se tornará.
  • Dê banho enrolando o bebê numa fralda de pano - sério, isso mudou minha vida! Arthur odiava tomar banho, até que ouvimos o sábio conselho de enrolar o bacuri na fraldinha. É assim: você tira toda a roupa da criança,tira a fralda, limpa as partes pudentas e enrola o bebê numa fralda de pano. Daí, emerge o "pacotinho" na banheirinha e, para lavar, vai desembrulhando as partes: perninhas, bracinhos, peito... Tiro e queda! Arthur hoje em dia AMA tomar banho. Ah, e tem que notar o que seu bebê prefere: água mais quentinha ou mais morninha.
  • Rotina, rotina, rotina - "lavar roupa todo diaaaaa, que agoniaaaaa...". Ninguém sabe o que é rotina de verdade, só o Bill Murray naquele filme do Dia da Marmota (aproveite a licença-maternidade para ver Sessão da Tarde!) e os pais de bebês e crianças pequenas. E realmentte é fundamental estabelecer uma rotininha para que seu bebê se sinta mais seguro e feliz, e para que você consiga se organizar para fazer outras coisas na vida além de amamentar e trocar fralda, tipo ir ao banheiro, escovar os dentes e, com sorte, até tomar banho. Aqui em casa, a rotina foi crescendo a partir da hora de dormir. Ou seja, primeiro ensinamos ao Arthur que existia dia e noite, e que de noite ele deveria dormir. Assim, às 19h começávamos a entrar no modo "hora de dormir" e falávamos mais baixo, reduzíamos a intensidade das brincadeiras, ficávamos na penumbra e vetamos visitas pós oito da noite. Às 20h preparávamos o banho, com tudo absolutamente igual e ritualizado: mesma hora, mesma música, mesmo sabonete líquido (cheiro), mesma ordem de limpeza na banheira, mesmas frases na hora do banho, tudo igualzinho. Daí, sentávamos no sofá, só com a tv ligada (no mudo), e eu amamentava até que filhote dormisse. Ele aprendeu bem rápido e em poucos dias já estava no esquema. A partir daí, conseguimos ir montando uma rotininha, que ainda não está 100% estabelecida, mas que já é uma boa estrutura com a qual operamos muito bem, obrigada. Vale a pena, portanto, investir nesse sistema depressivo de repetir tudo de maneira idêntica, pois depois tudo fica melhor e mais fácil de gerir. Como dizia Renato Russo, "disciplina é liberdade".
  • Os 5 S - esse truque aprendemos na marra mesmo! Marido e eu íamos lá pelo quinto ou sexto dia do Arthur zumbizão, chorando horrores, dormindo nada. Daí marido foi catar na internet explicações para o inexplicável e deu de cara com um artigo científico de psicologa que citava o sistema dos 5 S do pediatra norte-americano Harvey Karp. Finalmente dei bom uso aos famosos cueiros do Arthur e resolvemos 98% das choradas desesperadas com o barulhinho infernal do útero materno (o que temos salvo em todos os computadores, no dropbox e em pelo menos 3 cds). Nos deixa meio surdos, é verdade, mas Arthur adora e fica visivelmente mais calmo. Funciona que é uma maravilha com o secador de cabelos e, se seu bebê não for muito criterioso, com tv ou rádio fora de sintonia (o chiadão mesmo). Arthur é seletivo e só se acalma com o som "original" ou com o secador. Mas voltando ao método, não curto todos os S propostos pelo cara e, por mais que treinasse, nunca consegui fazer aquele suave chacoalhar de lado com meu pequeno. E como não usamos chupeta, aqui em casa os 5 S viraram 2 S mesmo: swaddle e shhh.
  • Você vive para isso - essa descoberta eu fiz sozinha, e acho que pode ajudar alguém, embora eu saiba que não funciona para todo mundo. No começo do puerpério eu ficava muito angustiada por "não ter tempo para mais nada", até que um dia me dei conta de que cuidar do Arthur era absolutamente tudo o que eu tinha para fazer na vida e parei de "brigar" com meu lado "quero fazer tudo". Passei a curtir bem mais meu filho e fiquei mais feliz por ter o privilégio de poder cuidar dele nesses primeiros meses. Então, mamãe recém-nascida e angustiada com a mesmice do púerpério, tente pensar que você, agora, vive para isso: para cuidar do seu filho.
  •  
    Ser mãe (e ser pai) é tarefa exaustiva não só porque os filhos, no começo, dependem absolutamente de nós para sobreviverem. Mas também porque existem mil caminhos, um verdadeiro jardim borgiano, em que se vai escolhendo uma das muitas possibilidades de resolução de um problema imediato (o que elimina automaticamente todas as demais possibilidades de resolução daquele problema, naquele momento) e, assim, vai-se construindo um labirinto (muito mais que caminho) por onde devemos transitar e para o qual não há qualquer garantia de resolução, pois mesmo que sigamos os passos e escolhas alheios, nossos filhos são únicos e podem ter necessidades ou podem interpretar o mundo de modo diferente de outro bebê. Ou seja, cada pai e cada mãe tem a mui árdua tarefa de buscar, por conta própria, sem garantias de sucesso e arcando com as consequências dessas escolhas, aquilo que é (ou parece ser) mais certo naquele momento para si, para seu bebê e sua família. Por isso, meu conselho final não poderia ser outro: ame e faça escolhas conscientes. A maternidade (e a paternidade) é sem garantias. E é assim para todo mundo.

3 comentários:

  1. Olá, Ártemis, tudo bem? Com o tempo tudo vai se ajeitando, né?

    O Bernardo chega em 1 semana, vou imprimir seus conselhos e pregar na porta da geladeira! Rs

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  2. Eu te amoooo!!! Não deixe de postar suas experiências NUNCA. Pois, elas me fazem ver a luz no final do túnel quando estou prestes a ter uma crise de ansiedade pensando como será o dia a dia com o Theo. Bjos!

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  3. Ártemis, olhei com a minha irmã e ela falou que comprou o sapatinho e o body na Riachuelo. =)) E muito obrigada pelos votos de uma boa e pequenina hora, já estou uma pilha de nervos. Hoje já resmunguei tanto que consegui fazer com que meu namorado fique comigo na sala de parto (até ontem ele se recusava a ficar), rsrs.

    Ah, e sobre o outro post, eu sei que vai demorar pra eu poder fazer aquelas coisas, mas acho que as reclamações vem da ansiedade mesmo, depois que ele nascer, acredito que tudo vá fazer sentido.

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