segunda-feira, 20 de agosto de 2012

As alegrias do puerpério

Arthur completou dois meses e não sou mais uma puérpera, dizem. E sei que muitas vezes fui sarcástica ou irônica quanto aos acontecimentos deste período, mas isso não significa que eu não tenha tido boas vivências ao longo do processo de conhecimento do meu filho.
Acho importante frisar que, para mim, o mais importante e bacana desses dois meses de Arthur na minha vida foi conhecer essa pessoinha fofa, doce e risonha que saiu da minha barriga.
Durante a gravidez, não tive muito essa coisa que leio por aí de sacar a personalidade do bebê a partir da sua movimentação e dos seus hábitos intra-uterinos. Na verdade, por mais que sentisse meu filho se mexer dentro de mim, muitas e muitas vezes me pegava pensando, pasma: "nossa, tem um bebê dentro de mim! Que coisa mais louca!" E achando muito doido (e lindo) esse troço de gestar, supunha que seria mais prudente não criar muitas expectativas quanto ao ser que nasceria de mim, pois quanto mais a gente pensa e sonha e projeta, mais corre o risco de se frustrar com a realidade. Não porque ela não seja boa, não. Mas porque ela é diferente. E a diferença, na maioria das vezes, assusta no primeiro olhar.
Então que eu ia gestando do meu jeito: cuidando, amando, questionando, observando, mas procurando não rotular ou projetar algo em meu filho.
Dentro da barriga Arthur era um gentleman: nada de movimentos bruscos, chutes fortes ou empurrões vigorosos. Brincava que ele fazia ioga dentro de mim, pois ele parecia estar buscando espaços dentro de mim e dentro dele. Hoje, fora da barriga, sou muito grata a meu filho por ele continuar, de certo modo, a ser o bebê iogue da gestação e abrir, a cada dia, todos os dias, espaços para mim em sua vida.
Perceber que meu filho me permitia conhecê-lo, porém, não foi algo que se deu de imediato. Levou tempo, exigiu paciência de ambas as partes (ou melhor dizendo, de "tribas" as partes, já que marido também participa, né?) e foi preciso muita dedicação.
Claro que não vou ser ingênua de achar que em dois meses esgotei o meu filho, no que diz respeito ao conhecimento de sua personalidade. No entanto, posso afirmar com total segurança que, hoje, dois meses depois de tê-lo parido, entendo melhor algumas de suas demandas e sei que ele também compreende algumas de minhas necessidades.
E que delícia foi e é esse processo de reconhecimento! Fora as noites insones e os momentos de desespero, sobretudo os do período de baby blues, a coisa foi divertida e repleta de afetividade e boas surpresas!
Sou uma mulher privilegiadíssima porque tive um bebê saudável e eu estou saudável. Quantas e quantas mães não têm essa minha felicidade, de levar o bebê para casa logo após o parto e poder curti-lo, grudadinho consigo, o tempo todo (até mesmo nas horas em que se quer fazer xixi ou dormir, é verdade). Também sei que minha licença-maternidade é algo por que devo ser muito grata, pois me dá tempo para que eu possa me dedicar exclusivamente a meu filho. Tenho consciência de que cada dia que passo com ele pendurado em meu peito, em livre demanda, é importantíssimo e será relembrado com saudade quando eu voltar a trabalhar. Eu sou feliz com meu bebê nos braços e sei disso. Não posso deixar de festejar ainda a alegria com que meu filho foi recebido em todos os lugares, e como tem sido mágico ser mãe, ser responsável por nutrir e fazer crescer (em todos os sentidos) uma pessoinha. E que pessoinha! Não é por ser meu filho, não, mas Arthur é uma coisa! Lindo, risonho (riu com 20 dias pela primeira vez e não parou mais! Agora, ri para quase todo mundo, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê), ficando cheio de dobrinhas gostosas e difíceis de serem secadas depois do banho, doce. Um sonho de menino. Ainda um gentleman, ainda um iogue, ainda meu bebê, com tanto ainda por descobrirmos juntos.
Por isso, apesar do tom de ironia e sarcasmo, preciso deixar registrado, e de maneira bem clara, que foi uma delícia viver intensamente a maternidade do primeiro (louco e exaustivo) e do segundo (mais calmo) meses. Ter Arthur nos braços e poder me dedicar 100% a ele foi e é uma das melhores experiências da minha vida!

Um comentário:

  1. Embora seja cansativo e semi enlouquecedor, é mesmo uma delícia essa fase de ter RN em casa! Eu tenho saudades. Aproveite muito! bjo

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