segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O parto (ou O dia em que sambei na cara da sociedade) - parte 1

Caríssimos leitores, finalmente meu relato de parto (escrito em meio a mamadas, com a mão esquerda e tendo eu os olhos embotados pelas lágrimas - da dor da amamentação, que fique bem claro porque sou uma cronista da vida real e a vida real não é tão cor-de-rosa assim, né?).
Para dar mais dramaticidade, dividi em 4 partes (na verdade, dividi para não cansar a beleza de ninguém. Acontece que sou prolixa pra cacete e mesmo divididinho, o relato é para os fortes). Por favor comentem. Este foi o momento mais importante da minha vida selvagem e estou muito feliz de partilhá-lo com vocês.

***

Quando minha médica entrou no quarto para me dar alta apenas 24 horas depois de eu parir Arthur, ela falou: "Você sambou na cara da sociedade!"
E foi assim mesmo!
Não sambei na cara da sociedade porque tive um parto normal, mas sim porque ouvi, durante muitos e muitos anos que meu corpo não era capaz. E mesmo assim tive um parto normal.
Na infância, meu corpo era incapaz de crescer, engordar e se estruturar da maneira adequada, e passei boa parte dos primeiros anos em dieta alimentar hipercalórica, tomando suplementos vitamínicos e remédios que me ajudassem a metabolizar alimentos. Isso apenas porque eu era uma criança pequena, estilo mignon.
Pois esta criança mignon se tornou uma adolescente mignon e logo após a primeira menstruação uma jovem portadora de uma patologia denominada "ovários policísticos". Mais uma vez, meu corpo não era capaz de produzir. Ou melhor, meu corpo era falho em se reproduzir, e certamente eu precisaria de remédios indutores de ovulação quando decidisse que era hora de engravidar. Além disso, a adolescente mignon se tornou uma adulta pequena, que com 1,60m de altura e meros 42kg, certamente não teria passagem no quadril estreito para um parto normal saudável.
Assim, desde o começo da minha vida eu me via fadada ao fracasso do meu corpo: incapaz de se nutrir, de se manter, de se reproduzir e de parir.
Meu primeiro passo de samba foi quando eu me dei conta de que, mesmo mignon, fui uma criança extremamente saudável: sem nunca ter tido qualquer intercorrência grave até uma apendicite me levar a um hospital em 2010. Fora isso, uma catapora muito da mixuruca e umas gripinhas.
Meu segundo passo de samba foi ter optado, mesmo com meros 17 anos, por não tomar anticoncepcional para "tratar" meus ovários policísticos. Primeiro porque a pílula não trata (ajuda, em muitos casos, claro, mas não é promessa de cura e redenção), segundo porque eu dependeria de conhecer meu corpo para dar o terceiro e muito importante passo de samba: engravidar naturalmente, mesmo tendo a prescrição de indutores de ovulação. Se consegui engravidar sem indutores foi porque pude conhecer meu corpo e suas sutilezas a partir da observação diária. Com calma e paciência, sabia exatamente o que acontecia com meu corpo e quando havia alguma coisa errada (prova disso foi ir ao hospital com uma crise de apendicite tão incipiente que ajudou no processo de recuperação pós-cirúrgico).
O quarto e último passo foi entender que se eu queria um parto natural como eu havia sonhado e planejado, não poderia nunca me deixar nas mãos de um profissional que não confiasse em mim e no meu corpo: saí da ginecologista que me atendia muito satisfatoriamente havia muitos anos e procurei uma profissional cujas ideias se afinassem com as minhas.
E o resultado desse aprendizado foi o grande espetáculo que protagonizei, modéstia a parte, no dia 17 de junho de 2012.

11 comentários:

  1. Querida, estou curiosíssima pelo seu relato, especialmente porque me identifico com a sambada toda: sou pequena e tive ovários policísticos também. E ninguém botou fé no meu parto normal, só minha médica e marido. Vambora que eu quero ler tu-do, partes 2, 3 e 4! hahaha! bjo!

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  2. Ai Ártemis, que delicia ouvir esse teu relato. Eu luto pra ganhar peso desde sempre, nossa é tão difícil depois de ganhar míseras gramas ter que mantê-las. Meu médico disse que talvez esteja aí minha dificuldade de engravidar. Ouvir isso de ti me traz mais esperanças.
    Também estou louca para ouvir o restante do teu relato. bjão

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  3. Flor! Quanta coincidência! Eu também só tive uma apendicite, tenho ovários policísticos, meço 1,60.
    As únicas diferenças aí são:
    o peso :/ huahauhauhauhauahuahua
    e o fato de eu ter tomando anticoncepcional a vida todiiiinhaaaa!
    Tô começando ao conhecer meu corpo agora, vê se pode. E pior, sempre com muitas saudades da pílula...

    Filha, vc sambou realmente.
    Quero como você ter parto normal, mas óbvio que não sou radical e se precisar mesmo, pra nossa segurança, topo uma cesárea, fazer o que!

    Mas antes tenho que engravidar né. E vamos seguindo com temperatura, muco e fé em Deus.

    Tô ansiosa pelo resto!
    Beijones!

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  4. Tá mais alta q eu!rsrs mas o resto da historia é bem parecida com a minha. (altura, dificuldade pra engordar e ovário policisticos)
    Só q a minha não teve o mesmo final, fui pro Centro cirurgico fazer Cesáreo.
    To ansiosa pra ler todas as partes!!

    Beijão

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  5. Ai Artemis querida, não faz isso com a gente...

    To aqui morrendo de curiosidade pra saber como foi a "estréia" do Arthur nesse mundão!!!

    bjus

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  6. Flor, prazer! Encontrei teu blog por esse mundo mamisférico, rs... Adorei!! Estarei sempre por aqui!

    Doida pra ler a continuação do relato!! amanhã vc volta né?? Hein?? Hein?? rsrs...

    Tb sempre tive problemas para engordar (ainda tenho) e tive ovários policísticos... ninguém merece!! rsrs...

    Beijos!!

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  7. Tô aqui feito Pedro Pedreiro.

    Esperando, esperando, esperando o trem!

    beijos

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  8. Curiossímaaaa para saber tudo sobre a chegada do Arthur, confesso que ando em um dilema infeliz entre o normal e a cesariana, preciso ler pessoas convictas para me encorajar rs! Bjos bjos

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  9. Oi, estou aqui lendo seus posts de 2012, porque gosto muito do assunto e do jeito qeu vc escreve. Tenho 26 anos, pretendo engravida ano que vem e tbm tenho os malditos ovários policisticos, estou a um ano sem anticoncepcionais, e agora com os ovarios funcionando, por 4 meses, vc poderia contar como vc tratou? é tão dificil achar gines que topem tratar sem anti, né! agradeço desde já

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    1. Oi, Priscila. Obrigada pela visita e pela mensagem.
      Entonces, eu não tratei, até porque sempre ouvi que só havia três maneiras de "tratar" os OPs: tomar pílula eternamente, engravidar ou fazer tratamento para engravidar.
      Sugiro que você pesquise sobre os métodos sintotermais de percepção dos ciclos.
      ;)
      Boa sorte!

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  10. Oi, estou aqui lendo seus posts de 2012, porque gosto muito do assunto e do jeito qeu vc escreve. Tenho 26 anos, pretendo engravida ano que vem e tbm tenho os malditos ovários policisticos, estou a um ano sem anticoncepcionais, e agora com os ovarios funcionando, por 4 meses, vc poderia contar como vc tratou? é tão dificil achar gines que topem tratar sem anti, né! agradeço desde já

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