Entre minhas curvas se aconchega um mistério. Tépido e macio, meu filho desliza suavemente para dentro de um mundo que não é meu, nem dele. Às vezes, sorri, resmunga, mama, mas o que me fascina e intriga são as tarântulas de seus olhos ciliados (quantos milhares de cílios cabem ali?) movendo-se preguiçosamente para lá, para cá. Dizem que sonha, dizem que processa assim o que viveu e aprendeu no dia. Acho graça do sorriso de canto, do beicinho do choro que não se completa, das poses elásticas e dubitavelmente confortáveis (pés em ângulos estranhos, braços pendidos etc.), porém o grande mistério se sustenta na linha movente dos olhos cerrados. Na tênue linha que une as pálpebras do meu menino desfilam insondáveis momentos: serão aventuras? serão novidades? serão rememorações do que ele viveu ao longo do dia? Não sei. Ele tampouco.
De noite, deitados, enroscados no desenho curvilíneo do aconchego, uma tarântula me espreita e pergunta: o que sonha seu maior sonho?
Estava quase indo dormir. Ainda bem que dei uma passada aqui antes.
ResponderExcluirQuanta poesia!!
"O que sonha o teu maior sonho?"
Lindo demais, querida.
Boa noite. Bons sonhos.
Que texto lindo! bjo
ResponderExcluirÁrtemis...
ResponderExcluirQuanta poesia há em um filho.
Não vejo a hora de ter o meu pequeno em meus braços.
Com certeza a melhor definição de filho é essa, nosso maior sonho.
Bjuss