quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Só para atualizar

Meninas, muito obrigada pelo carinho, pelas mensagens carinhosas e por partilharem comigo a felicidade do positivo!
Ando meio enrolada no trabalho e por isso estou devendo um relato minucioso das coisas, mas em breve virei contar tudinho.

Só para tirar as teias de aranha venho aqui contar que hoje tive meu primeiro sonho, grávida, com o meu bebê. Sonhei que fazia uma ultra e era um menino.
Será?

PS: Leila, não recebi seu e-mail, não. Manda de novo: vida.selvagem@yahoo.com.br

domingo, 2 de outubro de 2011

Todos os olhos sobre mim

"Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia." - W. Shakespeare

Ah, Shakespeare! Tantos séculos depois e você ainda embala sonhos, angústias, descreve sentimentos e mantém a literatura viva e pulsante em uma sociedade imagética e consumista.

E o post de hoje é shakepeariano porque tocante, intenso, memorial e pulsante.



O fato é que eu danei de filosofar, e me angustiar, e quase enlouqueci, como o rei dinamarquês do poeta inglês, mas nem todo esse barulho foi capaz de alcançar a proporção que deveria. Eu devia ter gritado mais alto, ter arrebatadamente escrito frases e posts sem pé nem cabeça. Mas não, e o motivo disso, acho eu, é só porque as pequenas coisas da vida são, na verdade, as mais importantes - e, muitas vezes, são curtidas com discrição.

Eu acordei, como nos outros dias. Tudo igual: céu azul de primavera, aquela covardia preguiçosa de sair da cama, o mesmo caminhar de todos os dias. Casa, rua, ponto de ônibus, ônibus, rua, trabalho. Mas no caminho, sentia todos os olhos sobre mim.

Não sou linda, mas tenho meus dias em que atraio olhares, e esse era um desses. Fui, trabalhei, almocei, trabalhei, e fui à consulta da médica Iemanjá. Mostrei a ultra, contei do óvulo que ficou no folículo e recebi uma lista considerável de exames de sangue a serem feitos. Pedi, meio constrangida, um beta ali no meio.

- A gente não deixa de ter esperança, não é mesmo - ri amarelo.

E ela anotou: BHCG.
E eu ri. E saí correndo do consultório, pensando que era mais um dia de outono e, embora todos os olhos estivessem sobre mim naquele dia, tudo estava como deveria ser.

O beta seria a confirmação que eu aguardava para iniciar um fitoterápico, pois eu queria ovular. Apenas ovular no mês seguinte já me deixaria aliviada. E assim, em meio a olhares, fui.

A agulhada não doeu: a enfermeira era simpática e conversou comigo, até animada, se considerarmos que era uma quarta-feira à noite. Eu seria, muito provavelmente, a última a colher sangue naquele dia, e fim de expediente é sempre uma alegria. Ela, então, me garantiu que se eu fosse dormir tarde, já teria o resultado do beta naquele mesmo dia.

Eu ri.

Cheguei em casa e fui recebida com um elogioso olhar do marido: linda! Eu acordara assim, e gostei de receber esse carinho do homem (lindo) que eu amo. As horas se passaram ansiosas, mas novamente isso não era qualquer novidade. E por volta das 23h, abri o exame.

INDETERMINADO.

Eu ri. Marido riu. Eu tremia e foi ele que teve a ideia: passa na farmácia e compra um teste. Corri, no meio da noite, quase já dia seguinte, para comprar dois testes e ácido fólico. Comprei, bebi toda a água que tinha em casa, fiz xixi.

Duas listrinhas. Meu deus!!! Duas listrinhas, um beta indeterminado e todos os olhos sobre mim.

Eu ri. E fui dormir.

No dia seguinte, de manhãzinha, tinha endócrino, marcada na tentativa de encontrar uma solução para meus ovários policísticos. No consultório, eu ri. É que ela perguntou por que eu estava ali, ao que respondi:

- Eu marquei por um motivo, mas estou aqui, afinal, por outro.

E ela me deu outro beta.

Eu, justo eu, que durmo de madrugada, e acordo todos os sábados depois da hora do almoço, madruguei no laboratório. Me furei, conversei com a enfermeira (outra, mas igualmente simpática), e aproveitei para fazer todos os outros exames que a médica Iemanjá pedira. No meio da tarde, às 16h41 eu e marido abrimos o resultado.

GRÁVIDA.

Eu ri. Ele riu. E eu me lembrei de que tive todos os olhos sobre mim. E eu ri mais e com mais gosto, como quando a gente tem um segredo, daqueles bem grandes e maravilhosos, que nos deixam felizes e bonitas, mas que, por ser segredo, ninguém desconfia. Eu estava grávida, todos os olhos estavam sobre mim, mas ninguém sonhava, em suas vãs filosofias, que meu grande mistério, enfim, pulsa intenso, porém ainda quietinho, dentro de mim.

PS: Vocês perdoam meu sumiço, né?