sábado, 26 de novembro de 2011

Uma história natalina

Ontem nasceu meu primo. Lindo. Saudável. Enorme (quase 4kg e 50 cm).
Eu já volto para falar dele e da alegria que senti. Mas hoje, em homenagem à perfeição do nascimento de uma criança, venho contar uma historinha de natalina (de nascimento) que, assim espero, deverá inspirar a todas as tentantes que me acompanham.

Eu tenho uma prima médica. Ultrassonografista. Mas ela mora longe e quase não nos encontramos, o que é realmente uma pena, já que ela é super legal e carinhosa. Então que no nascimento do meu priminho lindo ela estava lá, para prestigiar o irmão (que é o pai da criança). Conversa vai, conversa vem, ela me contou que na semana passada esteve em seu consultório uma moça com o marido. Era o primeiro exame de ultrassom e a paciente estava tão nervosa que não abriu os olhos e ficou perguntando repetidas vezes: o bebê está dentro do útero?
Minha prima, médica experiente, achou estranho e disse que o normal e o que se espera em um exame desse tipo é que o bebê esteja dentro do útero, já que uma gravidez tubária é algo raro, e que devemos sempre pensar e esperar pelo melhor. E avisou: o bebê está dentro do útero, claro.
A moça começou a gritar de alegria, "está no útero! Está no útero!". E só se acalmou muito tempo depois. Mas não o suficiente para explicar o que estava acontecendo, e então o marido tomou a palavra.
Ele contou que eles tentavam engravidar há mais de 15 anos, que fizeram todos os exames possíveis e descobriram que ela tinha obstrução total das DUAS tubas. Assim, juntaram dinheiro e partiram para a fertilização in vitro, que não deu certo. Cansados, abatidos, desiludidos e sem dinheiro, desistiram do projeto filhos, afinal ela já estava com 37 anos. Então, ela decidiu se cuidar: começou a fazer ginástica e resolveu investir na parte estética com uma dermatologista. Recebeu a indicação de um remédio que só pode ser tomado mediante um rigoroso controle médico: exames de sangue que excluam gravidez, que mostrem taxas de colesterol etc. Ela argumentou com a tal dermatologista que era estéril e que não precisava fazer o teste de gravidez, mas a médica foi taxativa e não abriu mão.
Sorte.
Ela estava grávida. Engravidara espontaneamente, com obstrução total das duas tubas e o diagnóstico de esterilidade aos 37 anos.

Tentantes queridas: levem essa história linda para esse 2012 que vai começar daqui a pouco. Não desistam de sonhar, de manter viva a única coisa que as pessoas não podem tirar de vocês: a esperança! Médicos, diagnósticos, exames e remédios falham. Confiem em vocês.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A gente não está com a bunda exposta na janela

Olha, a bunda pode até não estar exposta e disponível para passadas de mão, mas a barriga...
Eu mal tenho barriga, eu contei para meia dúzia de gatos pingados sobre a minha gravidez, eu não uso roupas de grávidas (elas não cabem em mim, lembram?), mas ainda assim, já tomei apalpadelas e afagos na barriga de meio mundo!
E nesse fim de semana aconteceu o episódio mais inusitado de toda a minha vida de mulher em estado interessante: contei para duas amigas sobre a gravidez e começamos a conversar sobre o assunto. Conversa vai, conversa vem, eu informei que agora sou a feliz proprietária de sutiãs tamanho 44. De repente, não mais que de repente, levei uma mãozada nos peitos. Isso mesmo: nas peitolas! Fiquei sem ação e, passado o choque, ri, é claro.
Mas agora, no silêncio da alcova, partilhando esses detalhes sórdidos da minha gestação com vocês me pergunto: se no primeiro trimestre já levei mão na barriga e nos peitos, onde eu compro um carro de som para poder colocar a música do Gonzaguinha tocando bem alto ao meu redor?

domingo, 20 de novembro de 2011

O glamour da sílfide

Não me critiquem. Antes que me atirem arrobas na cabeça e exclamações no olho, vou avisar: só quem é bem miudinha, como eu, sabe o quanto dói uma saudade. Porque 99,9% das pessoas viram para mim e exclamam, entre ares de admiração e inveja que "bom mesmo é ser assim, pequenininha, porque todas as roupas ficam bem em você".
Não é assim. Aliás, não é nada assim.
Quem foi uma criança ou adolescente na década de 80 e usou calça baggy (e hoje morre de vergonha das fotos), sabe do que estou falando. É que vestir 32/34 é achar que todas as lojas do mundo pararam nos anos 80 e ainda oferecem calças baggy. Ou pior: que seu corpitcho curtiu tanto os anos 80 que hoje em dia só consegue reproduzir nas calças skinny a aparência cafona das calças baggy.
Então, que eu engravidei. E minha barriga deu uma estufadinha (não tenho barriga ainda, mas a cintura já não é mais a mesma, sabem como é?). Mas a minha bunda e as minhas coxas, não. Aí vem a querida leitora amiga, que veste os normais 38/40 falar: "sorte a sua, porque estou grávida de 5 semanas e já engordei doze quilos, todos na bunda e nas coxas..", ao que eu respondo: "cara amiga leitora, não sei porque (ou melhor, sei, sim, mas tô com preguiça de explicar) as lojas acham que grávidas podem vestir 52, mas nunca, jamais, em hipótese alguma elas vestirão 34. Para cima, existem tamanhos, mas para baixo, não. Mulheres pequenas, mignons, não engravidam e não dão à luz".
E continuando minha ladainha, passei quase 30 anos para aprender onde comprar minhas calças modernas, nada de baggy, semi-baggy ou boyfriend. E agora, em poucas semanas, encaro a triste realidade: grávidas baixinhas, magrinhas e pequenininhas não têm roupas adequadas.
Sofrendo com os botões apertando meu baby (e entre o baby e o botão está minha barriga, lembram?), fui às compras hoje. Entrei em quatro lojas diferentes, duas delas especializadas em moda gestante, e sabem com o que eu saí? Com o palpite de que terei uma menina. Tudo o que experimentei ficou ENORME nas pernas, braços e bunda, e, aparentemente, OK na barriga e no peito.
Diante disso, pergunto: alguém conhece uma loja com roupas de gestante que venda algo no tamanho 34 (e gente, P não cabe também, viu?)?

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Altas confusões e aventuras

Pois é minha gente. A coisa aqui por essas bandas anda meio Sessão da Tarde. Digo isso não só pelas altas confusões e aventuras que resolvemos aprontar nesse feriadão, mas também porque, ainda bem!, tudo terminou relativamente bem, com risadas e aquela sensação de que já está na hora do lanchinho (até porque agora é sempre hora do lanchinho).
Tudo começou com nossos planos de viagem. Saca aquele filme "Férias frustradas de verão"? Poderia ser o título do post (mas achei mais impactante logo chamar atenção para as altas aventuras). Tudo porque nosso carro quebrou NO MEIO DE UMA PISTA DE ALTA VELOCIDADE. Mas ele não quebrou apenas: ele ficou sem uma das rodas, que saiu literalmente voando, atravessou duas muretas de segurança e parou no acostamento da pista contrária. Horror dos horrores! Resultado: mais de meia hora esperando o guincho, cada minuto passado dentro do carro, torcendo para que o carro não fosse acertado por um dos veículos que nos ultrapassavam em alta velocidade (e tirando uns fininhos que eu nem sei como ainda temos retrovisor).
Fomos rebocados, recolocamos a roda e voltamos para casa.
Vocês desistiriam de viajar? Porque nós aqui, brasileiros que somos, pedimos um carro emprestado, empacotamos tudo e seguimos com todas as rodas bem presas.
Ao chegar ao nosso destino, surpresa: sem internet e sem televisão. Tudo bem, pensamos, basta telefonarmos para os serviços de atendimento ao cliente e solicitarmos as visitas técnicas para termos tudo funcionando em 24h. Comprei umas palavras-cruzadas e passei o primeiro dia sob o efeito do combo progesterona + remédio para enjoo. Que beleza!
No dia seguinte, nada de os técnicos aparecerem, e assim foi até o fim do dia. Ligamos para as empresas, nos aborrecemos com a falta de profissionalismo, mas tentamos lidar com a situação da melhor maneira possível. No dia seguinte, já acostumados à falta de televisão e de internet, aproveitamos bem o dia até que... PUF! Acabou a luz. E assim ficou até irmos embora. Mais de 24h sem luz, sem geladeira, sem água fresca, sem computador, sem banho quente.
Moral da história: se sua roda sair na viagem de ida, dê meia-volta e fique em casa, porque é um aviso dos céus de que o feriadão vai ter altas confusões e aventuras.

E vocês? Muitas emoções?

sábado, 12 de novembro de 2011

Meus quinze minutos de fama

Que baita susto eu levei hoje!
É que a Carol me citou na página dela e minhas visitas, que normalmente são modestas, porém fieis (thanks!), se multiplicaram!
Veio gente de tudo quanto é canto do mundo e de repente me senti um fenômeno global, mundial, sensação da blogosfera... e aí eu acordei. Mas antes de acordar, sonhei que fazia uma ultra e encontrava nada mais, nada menos que DEZ fetos no meu útero! Cruzes!!!
Daí, claro que precisava vir aqui contar essa maluquice, e também (assustar todos os novos leitores) agradecer à Carol, aos meus leitores e dizer a quem chegou por agora que eu espero que gostem dessa selvageria (ui!) louca, porque, amiguinhos, do jeito que meus sonhos de grávida andam pirados, teremos ainda muitas emoções.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Positivo (parte II)

Era uma quarta-feira de setembro. Dia de consulta com a médica Iemanjá.
Saí do trabalho rumo ao laboratório (para buscar a ultra) e de lá iria para o consultório quando me dei conta de que minha carteira ficara em casa. Carteirinha do plano, identidade, tudo. Ou melhor: nada. Nada ali comigo. Liguei para o marido, pedi ajuda (santo homem!) e fui tentar, na cara de pau, buscar a ultra sem identidade. Consegui, mas marido não: o carro morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego da esquina de nossa casa. Resultado: fui encontrá-lo, demorei um tempão para chegar ao consultório, o que fiz esbaforida e num franco ataque de falta de ar.
A recepcionista já havia ido embora e a médica quase se apiedou de mim. Cheguei apenas cinco minutos atrasada. Mais uma vez fui atendida com calma e paciência, mas, se eu já estava decidida a tentar uma outra opinião sobre meus OP (na semana anterior eu havia marcado uma endócrino), o fato de ela dizer que se enganou sobre a "atualidade" dos meus exames de sangue e me pedir duzentas dosagens hormonais me fez ter certeza de que eu não gostaria de continuar a me consultar com ela.
Não foi o fato de ela me pedir os exames. O que me deixou cabreira foi ter me sentido insegura quando ela fez isso: numa consulta os exames estão válidos, na outra, duas semanas depois, eles estão velhos demais? Isso e eu ter perguntado novamente sobre as minhas alternativas, sem ser beber água, claro, para meus OP. Ao que ela respondeu: por enquanto, água. Mais tarde, se você quiser, uma terapia de acesso ao inconsciente e blá-blá-blá. Não confiei mais.
Ela anotou todos os exames na guia e, aproveitando que minha cara de pau estava mode on, pedi um beta. Expliquei que sentia os seios doloridos e coliquinhas havia alguns dias. Ela riu, disse que a chamavam de cegonha, e anotou bem bonito: BHCG.
Eu ri.
E saí correndo para o laboratório, que colhia sangue até 19h, e já eram 18h50. Cheguei e perguntei se eu poderia fazer somente o beta naquele dia, porque os demais exames precisavam de jejum de 10h e eu, obviamente, não cumpria essa exigência às 19h. A mocinha explicou que tudo bem, que eu poderia fazer os outros exames outro dia, anotou isso na minha ficha e me mandou para a coleta.
Eu estava nervosíssima. Não sei por quê. Não era medo, não tinha grandes expectativas, não era um exame desconhecido. Mas o fato era que eu estava nervosa a rodo.
Mas respirei fundo, contei minha história para a enfermeira (é que quando eu fico nervosa, abro meu coraçãozinho e quero que todos me deem a mão) e me deixei furar.
Voltei para casa, contei para o marido sobre meu dia e avisei: a mocinha do laboratório disse que por volta de meia-noite deve ter o resultado. Vocês dormiriam cedo? Pois é, eu também não dormi. E a meia-noite, lá estava o resultado: indeterminado.
Quando eu abri o exame fiz um barulho de susto, e marido riu, achando que eu estava pregando uma peça nele. Quando ele viu meu olhar assustado e percebeu que eu comecei a tremer, logo entendeu e foi ver os valores de referência do laboratório. Eu já sabia de cor, por isso o susto foi imediato. Ele não. Talvez por isso tenha tido tempo de processar tudo de maneira mais racional e deu a boa ideia: Ártemis, desce, compra dois testes na farmácia e faz um hoje e outro amanhã de manhã.
Era bem tarde, mas eu desci na mesma hora. Comprei os testes e ácido fólico. Por via das dúvidas, tomei logo um comprimido e danei a beber água. É que, nervosa, não tinha a menor vontade de fazer xixi. Bebi quase toda a água da casa e fiz xixi no palitinho. A listrinha era tão discreta que marido nem a viu. Eu acendi a luz mais potente da casa e lá estava ela: clarinha, tímida, mas inegavelmente existente.
Respirei fundo, tentei colocar a cabeça no lugar e decidi: no dia seguinte iria à consulta com a endócrino (que eu já havia marcado antes do retorno na médica Iemanjá) e contaria minha história para que ela decidisse se e como me atenderia.
Acordei cedinho e, claro, fui fazer o segundo teste que eu comprara na noite anterior. Xixi no palitinho e: duas listrinhas. A segunda ainda clarinha, mas definitivamente visível. Tanto que marido nem precisou de legenda.
Me despenquei para o consultório e já lá dentro fui perguntada: por que você me procura?
Eu ri. Estava meio nervosa porque não tinha pensado muito bem em como começar o papo e acabei falando que eu marquei a consulta por um motivo, mas que algo havia mudado e agora ela me ajudaria de outra maneira, achava eu. Contei do meu histórico de OP, da médica do botox que me passou indutores, da médica Iemanjá que me mandou beber água, da ultra, do médico catador de milho que disse que eu não ovulara naquele mês, do exame indeterminado e dos testes de urina positivos. Ela me olhou e disse: vou passar um novo beta para você fazer daqui a dois dias. Se der negativo, você volta aqui que vamos pensar em um tratamento mais que água e menos que indutores. Se der positivo, aí não é mais comigo e você pode procurar um obstetra.
Fui para o trabalho com a bolsa pesando vinte toneladas: novo BHCG.
Aproveitando minha peregrinação médica, consegui um encaixe na minha dermatologista, já pensando em orientações anti-estrias. Ela viu meu exame indeterminado, me olhou muito seriamente e disse que o valor estava baixo demais, que eu deveria repetir o exame porque é muito comum que as primigestas perdessem o primeiro filho, que aconteceu com ela e que ela só me consideraria grávida quando eu fizesse a ultra e escutasse o coraçãozinho do feto.
Saí arrasada. Mas lembro que pensei: que bom que essa médica é minha dermatologista, e não minha obstetra. E me lembrei do que a minha ex-médica, a do botox, havia me dito quando que ainda era sua paciente: as grávidas precisam filtrar tudo que lhes dizem porque alguém sempre tem uma história escabrosa para apavorá-la.
Achei que a médica foi sem tato, mas não fez por mal. Respirei fundo e pensei que não havia absolutamente nada que eu pudesse fazer para controlar qualquer tipo de coisa naquele momento. Assim, decidi viver minha vida, um dia de cada vez, e esperar pelo dia do novo exame.

Os dias se arrastaram, mas finalmente chegou o dia 1­° de outubro, um sábado, três dias depois do primeiro beta. Aproveitei que seria furada e fui fazer os outros exames que a médica Iemanjá me pedira.
Acordei supercedo (quem me conhece sabe o quanto isso é digno de nota), respirei fundo e fui para o laboratório. A mocinha foi simpaticíssima e me avisou que no meio da tarde, por volta das 16h30 ou 17h eu já teria o resultado do beta. Me desejou sorte, tudo de bom e uma boa gestação. Achei fofo e ri.
Voltei para casa, arrumei minhas coisas e fui com marido para a região serrana do Rio. A casa em que me casei, pensava, é um excelente lugar para receber a notícia da minha gravidez.
Às 16h41, na casa em que me casei, abri o resultado do exame: positivo. Marido já estava escolado nos valores de referência e nem precisou que eu me assustasse ou tremesse. Eu estava grávida! Sem dúvidas!
Gostaria de contar aqui, sobretudo para fins dramáticos, que nos abraçamos e nos beijamos chorando copiosamente, mas a verdade é que ficamos tão atônitos que tudo o que conseguimos fazer foi rir um para o outro.

Positivo (parte I)

Era manhã de setembro. Dia 21, para ser exata. Na hora do almoço dei uma corridinha no laboratório porque havia uma ultra marcada. Essa ultra fora o único exame que a médica Iemanjá me pedira porque, segundo ela, os de sangue que eu havia feito uns meses antes ainda estavam atuais o suficiente. Confesso que achei bom. Já me acostumei, porque tendo OP desde que me entendo por mulher, fiz muitos exames de sangue. Mas convenhamos: não é nada legal ficar tomando agulhada. Então, o que é uma sala gelada e um exame que não dói se comparado aos hemogramas? Alívio.
Naquele dia eu tinha esperança. Mas eu sempre carrego minha dose de positividade, então não posso dizer que houve uma pista, um indício claro ou um evento marcante. Era só minha velha e incansável esperança. Essa mesma que vocês todos conhecem: a expectativa de que as coisas deem certo mesmo quando não há muito que indique isso. E ela foi minha companheira na sala de espera.
Laboratório cheio, não fui atendida na hora marcada. Nem liguei. Estava ansiosa, esperançosa e o médico, apesar de ligeiramente irritante, coitado!, era simpático. Antes do exame avisei que meu último ciclo se fechara em maio, que eu tinha esperanças de estar grávida, mas que sabia que tinha OP e que tudo poderia não passar de uma brincadeirinha hormonal sem graça do meu organismo.
Ele me examinou, mediu tudo o que tinha de medir e setenciou: você não está grávida e nem sequer ovulou esse mês. Se minha vida tivesse trilha sonora, eu ouviria aquele "quém-quém-quém" de desenho animado. Foi tipo a bigorna caindo no Coyote enquanto o Ligeirinho fazia seu "bip-bip" são e salvo. Na hora, pensei que o Coyote fosse eu e o Papaléguas meus OP. Mas depois descobri que não era bem assim...
Voltei arrasada, me arrastando com meu óvulo que não fora liberado e, para solapar de vez minha esperança e meu bom-humor, levei uma cusparada no casaco.

Mas, como diria minha avó, nada como um dia após o outro.
Joguei fora o casaco (já estava velhinho e fiquei tendo nojinhos incontroláveis da sacolinha plástica onde o havia colocado, quando ainda tinha esperança de mandá-lo lavar na lavanderia), acordei para ir trabalhar e... senti de novo o gostinho de metal na boca. No dia da ultra eu já tinha acordado com um sabor diferente na boca, como se eu tivesse bebido um copo d'água em que, sem querer, tivesse caído um prego enferrujado dentro. Não era nada muito intenso. Mas achei curioso. Lembrei que a única coisa que minha mãe sentira quando estava grávida de mim fora justamente um gostinho de metal na boca. Claro que achei que estava sugestionada e segui adiante. Trabalhei. As pessoas me olhavam na rua. Achei glamour. Achei luxo e poder. Mas nem dei muita pelota. Achei que fosse minha roupa colorida e segui minha vida.
De noite, como sempre, fui ao pilates. Havia comentado na aula anterior que eu achava que poderia estar grávida. A mulherada que faz aulas comigo ficou em polvorosa e quando cheguei essa foi a primeira pergunta: e aí?
Meu muxoxo denunciou a negativa. O jeito era descontar a frustração nos exercícios. E assim foi.
Chegou o fim de semana. Chegou uma nova semana. Chegou o dia da consulta com a médica Iemanjá. Uma quarta-feira.

Quer saber o que aconteceu?
No próximo post...

Hello, is there anybody in there?*

Ai, meu deus. Será que depois do meu sumiço colossal alguém ainda me ama, alguém ainda me quer?
Se acaso me quiserem, além de ser dessas mulheres que dizem sim por um sonho de valsa, aguentem só mais um tiquinho que eu já, já volto.

*Trecho da música "Confortable numb", Pink Floyd.