terça-feira, 10 de julho de 2018

Primeira consulta

Minha primeira consulta pré-natal foi na clínica onde levo Arthur para fazer os check-ups de rotina.
Não é uma clínica maravilhosa, mas a médica dele é fofa, sempre se lembra das nossas histórias além da ficha médica (embora não saiba onde fica o Brasil no mapa!) e, felizmente, não precisamos de nada além do normal: pesar, medir, uma queixa aqui, outra ali, uma virose aqui, outra ali. O lugar, então, atende muito bem a nossas necessidades.
Quando descobri que estava grávida de novo, já comecei a pirar no pré-natal. Aliás, há dois anos eu já vinha pirando, perguntando a todo mundo com quem tinha intimidade sobre como era o parto e a assistência à gestante aqui onde moro. Isso é assunto para outro post, prometo, mas acho que por essa antecedência na pesquisa - e sabendo que com Arthur eu comecei a pesquisar sobre parto NOVE anos antes de sequer engravidar - vocês já conseguem imaginar como esse é um assunto importante para mim.
Pois bem, quando descobri essa gravidez, pirei com força no pré-natal, principalmente porque precisaria de um plano de saúde, coisa que até então eu não tinha. Acontece que o plano que vou usar precisa de um comprovamente de gravidez, e lá fui eu na clínica de família onde levo Arthur para buscar esse tal comprovante.
Fiz meu xixizinho no potinho (aqui não tem essa de tirar sangue para comprovar a gravidez de todo mundo, não! O mais comum é xixi no palito mesmo) e em poucos minutos já tinha minha declaração de gravidez pronta.
A conselheira que me atendeu perguntou se eu já queria fazer minha primeira consulta logo naquele dia e eu pensei "já tô aqui, né? então, bora!" e fiz uma horinha até ser chamada para a primeira consulta como gestante! (meu sorriso não aparece no texto, mas vocês podem imaginar minha alegria, né?)
O centro conta com 3 obstetras (mulheres) e 2 midwives (enfermeiras obstétricas) e minha primeira consulta foi com uma das midwives.
Aqui, antes do atendimento médico ou de enfermagem, uma assistente de enfermagem vem para pesar, medir, tirar temperatura, pressão e anotar as principais informações do caso. Depois da triagem, a midwife veio conversar, falou que o meu teste voltou "bastante" positivo e começou a anotar algumas coisas sobre meu histórico familiar de doenças preocupantes (câncer, problemas cardíacos, diabetes, hipertensão, má-formações e síndromes, essas coisas) e anotou a data da última menstruação para fazer a previsão das 40 semanas. Eu contestei a data que ela me deu, porque eu SEI que não ovulei 14 dias depois do primeiro dia de menstruação porque eu tenho ciclos longos e irregulares. Mas ela insistiu na data. Achei chato e desumano isso, pois ela me colocou dentro de um protocolo logo de cara. A consulta seguiu com ela me perguntando sobre viagens, sobre zica (se eu fiquei doente quando estive no Brasil, se alguém que eu conhecia tinha ficado doente, se meu marido ou filho tinham ficado doentes lá) e disse que ainda era muito cedo para fazer uma ultrassonografia. Eu não sou grande fã de ultras, então não liguei muito. Ela explicou umas dúvidas que eu tinha sobre o pré-natal daqui e sobre o que faríamos ainda. Onde estou nos EUA (cada estado aqui é independente, então algumas coisas podem variar de um lugar para outro) não se faz mais translucência nucal às 12 semanas em mulheres acima dos 35 anos. Agora, é feito um exame de sangue na mãe (NIPT) por volta das 10 semanas para avaliar a possibilidade de o bebê ter alguma síndrome cromossômica, e a partir do resultado o casal pode escolher se quer ir se consultar com um especialista em genética, se quer abortar ou se quer seguir em frente com o pré-natal na clínica. Também através de exames de sangue da mãe já são investigadas outras condições congênitas no embrião ou feto, como espinha bífida ou fibrose cística. Quando colhi sangue para exames de HIV, gonorreia, sífilis, toxoplasmose e mais alguma coisa que estou esquecendo já coletaram material também para esses testes que mencionei. Às dez semanas vou colher mais sangue para "substituir"a famosa TN. A vantagem desse exame é que ele é mais preciso. Enquanto a TN indica com precisão de até 80% se pode haver alguma alteração cromossômica, o exame de sangue tem precisão de 98%. E, como eu disse, se o casal quiser, pode depois do resultado fazer uma consulta com geneticista e fazer exames mais invasivos, para confirmar suspeitas ou se certificar de que não caiu nos 2% de falha do exame de sangue. O exame está disponível no Brasil, mas parece que é bem caro e não são todos os planos que cobrem.
Também na consulta fiz um exame preventivo, tive um exame de mamas e um exame pélvico (esse último também me desagradou, mas permiti só porque realmente queria ter certeza de que não havia volumes ou dores que tivessem passados despercebidos por mim). Fui auscultada (coração e pulmões) e recebi uma lista de medicamentos que posso usar na gravidez, separados por categorias. Colhi urina para cultura de bactérias e recebi meu cartão-gestante.
Saí de lá com os telefones de emergência. Ao contrário do Brasil, aqui você liga para a clínica, não para uma médica ou enfermeira específica. Aí, o funcionário de plantão naquele dia retorna a ligação alguns minutos depois com a orientação necessária. No dia do parto, também será plantão. A equipe atende em dois hospitais. Se eu escolher um, mais longe de casa, a equipe de plantão será da clínica (uma das obstetras ou midwives), mas se eu escolher o outro, aqui pertinho, o plantão é do próprio hospital, e eu certamente não vou conhecer a pessoa que vai me auxiliar no parto.

Achei o atendimento ok. Não gostei do exame pélvico "obrigatório" e da insistência da midwife em dizer que eu estava com 5s1d, quando eu sabia que estava com 4s3d. Tive quase uma semana "roubada". Se considerar que Arthur nasceu de 41 semanas, isso faz MUITA diferença! Vamos ver se a data muda quando eu fizer a primeira ultra. De todo modo, estou quase certa (só esperando resolver burocracias do plano de saúde) de que vou mudar para uma casa de parto em Chicago.
Até a ultra, muita água ainda vai rolar e estou concentrada em mentalizar a seguinte frase: "eu não vou enjoar, eu não vou enjoar, eu não vou enjoar..."

Semana que vem conto se superei o marco inicial (na gravidez do Arthur comecei a enjoar com 5 semanas e fui até 14 ou 15 sofreeeeeeendo).