sexta-feira, 29 de abril de 2016

10 coisas que aprendi com o clima frio


  • Estática é uma merda e é onipresente. Já levei choque na perna, no braço, na mão, na orelha, na barriga, no rosto e diversas vezes na boca. Dica: antes de dar aquele beijo nx companheirx ou de beber água no bebedouro, encoste a mão (nx companheirx ou no bebedouro). Dói menos.
  • Neve não é só branca. Pode ser amarela, marrom, preta, cinzenta, depende de quanto tempo está ali e o que se derramou por cima. E neve brilha sob o sol como se fosse glitter.
  • Frio queima e cachecóis não servem só para cobrir o pescoço, mas também para serem enrolados no rosto nos dias de frio intenso.
  • Sair de casa considerando apenas o aspecto fashionista da roupa é um luxo.
  • Luvas não funcionam e as pontas dos dedos vão sempre beirar a necrose por congelamento quando os termômetros marcarem abaixo de -10C.
  • Orelhas doem se você sair sem chapéu quando a temperatura está negativa.
  • Crianças não sentem frio. Crianças de Chicago consideram 5C uma temperatura digna de CAMISETA DE MANGA CURTA e calça de moletom.
  • Capuzes existem por um (bom) motivo. No Brasil e em outros lugares tropicais, eles são apenas enfeite. Mas aqui, cumprem uma função muito importante: manter sua nuca e sua cabeça protegidas do vento.
  • A escala de frio funciona assim: de 10 a 5C está fresco e você vai suar com o casaco; de 5 a 0C está agradável; de 0 a -5C é tolerável com as roupas e os acessórios certos; de -5 a -10C está frio, mas se não ventar dá para levar; de -10 a -20C está desagradável e luvas não servem para muita coisa; abaixo de -20C tem um pinguim de cachecol, gorro e casaco atravessando a rua.
  • Não importa o que você use ou faça: suas pernas (e outras partes ao sul do equador) ficarão geladas.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

O mundo está grávido e ninguém reparou

Nem parece que tem crise. Nem zica. Nem curva perigosa (perigosíssima) à direita. Todo mundo nada em dinheiro e sou a única que conta moedinha já dez dias depois do pagamento.
É que de repente todo mundo emprenhou!
Tudo começou quando voltamos do Brasil. Logo na volta às aulas descobri que uma amiguinha querida do Arthur iria ganhar umx irmxx. A mãe já estava quase parindo e a partir daí minha vida foi uma sucessão de charadas no estilo "adivinha só?" cujas respostas eu já sabia antes mesmo do fim da pergunta.
Foi gente na blogosfera. Foi gente que tinha ligado tubas uterinas. Gente que escorregou na conta da tabelinha e gente que nunca quis ser mãe, mas tá lá agora, buchuda e feliz. Tem gente que me contou antes. Tem gente que viajou e de lembrancinha trouxe uma semente germinando na pança. Tem gente que me procurou para saber onde e com quem parir. Tem gente que já pariu, de novo. Tem gente que contou para as pessoas via Facebook. Via zapzap. Via SMS. Olha, eu tenho até cogitado usar camisinha para pegar no telefone ou no computador, vai que...
Mas o que mais me impressiona nessa história é a quantidade de terceirinhxs encomendadxs. Nos últimos seis meses fiquei sabendo da gravidez e/ou do nascimento de nada mais, nada menos que cinco rebentos terceiros! Para uma geração cujxs amiguinhxs quase todxs eram filhxs únicxs, isso é um tremendo baby boom!
Eu fiz tanto sapatinho para dar de presente para as crianças que nasceram por aqui que minha família estava desconfiada, mas perceberam que só se eu estivesse prestes a parir uma centopeia é que faria sentido aquele bando de micro calçados, de todas as cores e modelos.
E vocês? Muita gente nova chegando por aí?
;)

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Fuéééém

Era uma festa diferente. A comemoração estava marcada para acontecer em uma loja-ateliê aqui perto. A aniversariamente era apenas um nome para mim.
Compramos presente, colocamos roupa bonita, até passei perfume! 
Tudo estava correndo dentro dos conformes de normalidade social: nada de bolo na cara do amiguinho, nada de arremesso de argila no teto (sim, era um ateliê de peças de cerâmica e a brincadeira era colocar as crianças para fazer uma tigela). Tudo tranquilo, tudo favorável.
Claro que meu filho era o único a correr por ali. Óbvio que ele foi o único que preferiu esculpir um dinossauro de argila a fazer o que o dono do ateliê nos instruiu a fazer. É evidente que ele começou a cantar BEM ALTO o parabéns porque queria comer logo o bolo. Mas, sinceramente, nada assombroso ou altamente vexatório. Vida que segue e ainda bem que a festa só dura uma hora e meia.
Bom, depois do lanche e do parabéns, estando todas as crianças devidamente munidas de tédio + cornetas e chapéus comemorativos + bastante açúcar no sangue, começou uma pequena algazarra. Não havia correria e nem gritos histéricos, mas "calmas" não era uma definição boa para aquelas crianças.
Arthur, então, resolveu ir interagir com a aniversariante. Eles se davam surpreendentemente bem (surpreendente porque a menina não é muito citada aqui em casa quando pergunto como foi a escola). Eles têm o mesmo nível de energia e potencial de fazer bobagens. Estava lindo.
Foi quando eu vi.
Eu me levantei do banquinho, calça toda suja de barro em seus diversos estados (a saber: sólido, semisólido, líquido e poeira), tentando chegar antes que Arthur começasse a interagir com a MÃE da aniversariante. Acontece que os traquinas estavam todos fartos e zanzavam, os pais ao encalço para evitarem tragédias com as peças delicadas, e, então, não consegui nada além de assistir de longe a interação.
A moça foi chegando perto do Arthur, falando: 
- Noooooossa, mas que olhos bonitos que você...
FUÉÉÉÉÉÉÉM
Arthur deu-lhe uma cornetada na fuça. A moça ganhou distância e tentou mais uma vez elogiar o meu rebento munido de corneta, mas desistiu a tempo e eu só cheguei, pateticamente, para falar:
- Filhinho, espaço pessoal, lembra?

Voltei para casa com a sensação de ter saído de uma rave, mas acho que entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

O apresentável

Arthur teve um dia intenso. O primeiro de sol a pino depois de muito tempo de chuvas e tempo nublado. Com isso, fez o que raramente faz: tirou uma soneca de tarde.
Acontece que tínhamos um compromisso, eu e marido, e sem babá ou família a única opção que temos, se quisermos ir a algum lugar ou comparecer a algum evento, é levar o pequeno conosco.
Acordei Arthur. O sono era forte, ele mal abria o olho, mas disse que queria ir (dei a opção, lógico, de ele ficar em casa comigo). Se quer ir, então vamos!
Na sala, lutava para manter as pálpebras abertas. Foi quando resolvi dar uma forcinha:
- Filho, vamos. O papai está doido para apresentar você aos amigos dele!
- Ah, mamãe. Eu não sou uma pessoa fácil de apresentar.
- Não? Por quê?
- Porque eu tenho a very long name*.


*Porque eu tenho um nome muito comprido. E é verdade. Arthur tem o nome + 4 sobrenomes, o que nos EUA é tipo ser verde com bolinhas roxas.