quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Alegria de pobre

É, amiga proletária, colega assalariado, esse post é dedicado a você, que sabe o valor de um vale transporte e a imensa alegria de descobrir que a recarga do vale refeição foi feita antes de o saldo chegar ao fim.
Eu também sou assalariada. Renda digna (pago as contas no fim do mês, mas só compro roupas novas no Natal, quando entra o décimo terceiro). Não sou rica, mas tomo banho todos os dias, com xampu Seda e sabonete Dove. Você também? Então vai entender minha imensa alegria.
É que hoje, pela primeira vez na história desta gravidez, eu estava de pé no ônibus e a mocinha não grávida que estava sentada no assento preferencial me cedeu o lugar. Foi lindo! Fiquei toda boba, inclusive porque JU-RA-VA que o vestidinho soltinho que escolhi para este dia de labuta não revelava minha barriguinha. Ah, amigos, ledo engano! A mocinha simpática e educada que me cedeu o lugar percebeu que por baixo daquele tecido vaporoso (mentira, era só um vestido de algodão, modelo trapézio, sem firulas ou vaporosidades) havia uma gestação.
Saltei toda feliz no meu ponto, fiquei pensando em quanta emoção estava sentindo, até que me lembrei que feliz mesmo seria não precisar pegar ônibus, né?
Beijos que eu vou ali passar hidratante Nívea na barriguinha.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Querido Papai Noel

Acho que eu fui uma menina boazinha na maior parte do ano (se você, é claro, descontar os momentos de TPM e a loucura hormonal da gravidez). Assim, gostaria de pedir uma coisinha neste Natal.
Querido Papai Noel, eu queria muito ter um parto digno, saudável e seguro. Mas não gostaria disso só para mim, não. Um parto assim deveria um direito para todas as mulheres aqui no Brasil, mesmo as que não foram tão boazinhas ao longo do ano.
Seria ótimo se parir com respeito, dignidade e segurança fosse algo certo e comum, que mais mulheres pudessem escolher a posição em que dar à luz, que pudessem escolher com quem gostariam de partilhar este momento mágico (se com o pai da criança, com a própria mãe, se com amigos próximos, ou até mesmo em meio a uma festa familiar, como quer a Wanessa ex-Carmago), que as mulheres tivessem o direito de comer, beber e se locomover como quisessem, que elas também pudessem seguir a risca a determinação da OMS e escolhessem em que lugar se sentiriam mais seguras para seus filhos nascerem. Seria ótimo se TODAS as mulheres de baixa renda tivessem um tratamento carinhoso e respeitoso nos locais onde vão para dar à luz, que elas fossem respeitadas em seus gritos, urros, gemidos e dores, que seus medos e apreensões fossem levados a sério e que pudessem escolher um parto normal porque este é mais seguro e mais saudável, e não fossem alijadas de seu direito a uma cesárea (caso ela se mostre necessária) porque parto via vaginal é mais barato. Sabe, Papai Noel, isso tiraria aquele ar de glamour com que a cesárea tem sido vista, porque se as redes pública e privada de saúde brasileira oferecessem partos normais dignos, não seria necessário lançar mão de um recurso radical como uma cirurgia de médio porte para que as mulheres se sentissem mulheres de verdade, sem aquele papinho de "na hora de fazer foi gostoso, agora aguenta" e outras (muitas) formas de violência contra as mulheres no momento mais importante, transformador e delicado de suas vidas. Afinal, quando o parto normal passa a ser anormal porque cercado de mitos, preconceitos, limitações (não pode ficar de quatro, não pode beber nada etc.), falta de respeito e de sensibilidade, realmente fica complicado criar uma política de saúde eficaz para o problema do excesso desmedido de cesarianas no país.
Muito obrigada,
Ártemis

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Das coisas que ficam

Eu ainda estou enjoando. São dez semanas de náuseas diárias e constantes, e não há gelo, água com gás, suco de limão, suco de laranja, frutas cítricas, beliscadas de hora em hora (eu já comia de 3 em 3 horas), bolachinha de água e sal e reza braba que deem jeito. Nem remédios funcionam muito bem, exceto por um (mas é que ele me dopa e, por isso, não sinto enjoo), que me deixa mongol e, portanto, é caso de emergências emergenciais urgentes.
Minha barriguinha já se nota. Mui discretamente (prometo fotos, junto com a tal do elástico na calça jeans), mas hoje foi a primeira vez que uma pessoa completamente desconhecida me perguntou assim, na lata: você está grávida? (Corajosa a pessoa, não? Imaginem se eu não estivesse grávida...) Fiquei toda boba, claro. E até demorei para entender que ela falava comigo. Acho que passei tanto tempo fingindo que papos sobre gravidez e bebês não eram comigo que ainda vai demorar um pouco para responder rapidamente (quem respondeu a essa pergunta foi uma colega de trabalho, que estava comigo na hora e não está desmiolada como eu - aliás, tenho certeza de que estou passando TODOS os meus neurônios para esse bebê! Como estou lenta e tapada, minha gente!).
Embora o auge dos desejos tenham se manifestado lá pela nona semana, de vez em nunca ainda sinto verdadeira obsessão pela coisa mais inusitada: cerveja de trigo. Quem me conhece sabe que eu não sou de beber cerveja (embora a de trigo sempre tenha mexido com meu coração). Mas não sei o que os hormônios fizeram comigo que eu não posso ver um copo de cerveja, principalmente se for de trigo, que eu fico LOUCA. Óbvio que eu fiquei só na vontade e, quando a intimidade permitia, pedia para dar uma cheiradinha no copo da pessoa que estivesse bebendo cerveja perto de mim. Marido é que adorou. Durante uma semana eu danei de comprar cervejas importadas que ele achava que eram para ele. Tolinho! Mal sabia que tamanha generosidade travestia um egoísmo sem precedentes, e eu comprava as garrafas só para que eu pudesse apreciar o aroma daquele líquido divinamente dourado. Outra obsessão dessa gravidez é milho: cereais matinais, salgadinhos gordurentos, milho cozido com ou sem manteiga, pipoca, creme de milho, qualquer modalidade está valendo! Imagino que essa criança nascerá amarelinha, porque cerveja e milho, né?
Então, é isso que fica: a família que estou construindo (e gerando), a certeza de que Natal não é só correria de presentes, amigos-ocultos burocráticos ou confraternizações loucas (no bom ou no mau sentido da palavra "louca"), mas sim um momento de refletirmos sobre os significados dos nossos gestos e nos prepararmos para tentarmos ser pessoas melhores para o mundo.
Não volto antes do Natal e, por isso, desejo a todos os que passam por aqui (comentando ou não) um dia especial, cheio de amor, paz, família, milho e cerveja de trigo. Que o Natal faça renascer em vocês a esperança e a alegria de que nos valemos para viver o ano novo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Das coisas que passam

Então que tudo o que eu mais queria era ficar em casa, de pernas para o ar, bebendo toda a água do mundo (e tomando toda a cerveja de trigo do mundo, mas falo sobre isso amanhã), curtindo a mini barriga e curtindo absolutamente nada dos enjoos diários e constantes que venho sentindo.
Mas eu sou proletária, minha gente.
Sou proletária e a renda familiar depende de mim. Assim, tive mesmo foi que ir para a labuta e labutar bem bonitinho, todos os dias (ou quase), engolindo gracinhas (que pararam depois que eu dei um mini chilique de grávida descompensada e chorei e tudo) e cumprindo prazos, metas e burocracias. Tudo com um sorriso no rosto e minhas calças alargadas no glamour do elástico (depois tiro foto e mostro para vocês).
Daí pensava, em meio a enjoos fenomenais e tensões pré-translucência nucal (um capítulo a parte, diga-se de passagem, o qual não me furtarei de contar), que meu blogue ficou sozinho e abandonado, que minha vida blogosférica foi deixada de lado porque eu precisava entregar dois trabalhos importantíssimos, e mudou chefia, e chegou dezembro, e eu não comprei um presentinho sequer ainda, e marido viajou me deixando com a alegria de ser buchuda em um shopping lotado do Rio justo na semana em que São Pedro lembrou que já era quase verão e ligou o maçarico. Resultado? Tanta coisa para contar, que minha primeira meta de 2012 é conseguir colocar o assunto em dia e voltar a comentar (porque eu sempre visito, mesmo que não comente) a vizinhança, levando um panetone e desejos de muitos babies saudáveis no ano que vai começar.
Então, para tentar dar conta de tudo, começo com as coisas que passam.
E não estou falando daquele Black & Decker super velho que sua mãe insiste que é melhor que "essas porcarias de plástico e que soltam vapor", não.
Me refiro a esse barata-voa que reina em todos os lares na semana que antecede o Natal (querida leitora, se você encomendou seu baby há nove meses - ou derivados, tipo, 1 ano e 9 meses, 2 anos e 9 meses etc. -, receba meu afetuoso abraço solidário, porque você deve estar enlouquecida ao cubo!). Também faço menção honrosa ao fim de ano nas empresas, com almoços, confraternizações, brindes, metas e novas perspectivas para os 12 meses que virão. Eu me livrei do amigo-oculto corporativo, mas também mando aquele abraço maroto para você, amigo, amiga, que se lascou ao tirar o chefe ou aquele cara meio estranho do RH e agora vai lançar mão de todos os clichês natalinos, da gravata à agenda, do par de meias à camiseta polo. É difícil. Eu sei. Mas essas coisas passam.
O que fica, e o que realmente vale a pena ficar para 2012, é assunto para amanhã.

domingo, 18 de dezembro de 2011

As coisas que passam e as coisas que ficam

O bom da vida é o devir. Cada novo dia é sempre igual porque permite que tudo, qualquer coisa, aconteça. E com isso, a probabilidade de as coisas permanecerem, é quase nula.
Ainda bem!
Aquele ódio mortal passou. As pessoas continuam sem-noção e fazendo perguntas absurdas e comentários loucos. Mas agora eu lido melhor com a raiva que isso me provoca. Sei lá por quê. Coisas que passam.
Enfim, nesse meio tempo avancei na gravidez e superei o terrível primeiro tri, contei para as pessoas todas que estou grávida (sim, eu mantive segredo até contemplar os primeiros três meses) e fiquei MEGA doente. Uma gripe daquelas. Tô chumbada, toda trabalhada no soro fisiológico e no antitérmico para conseguir ficar sentada. Uma lástima! Porque além do super mal-estar da gripe, ainda continuo com muitos enjoos e com um cansaço faraônico (coisas que ficam).
Mas, o que realmente importa é que está chegando o Natal, uma das melhores épocas do ano, e vem aí 2012. E com 2012, vocês sabem, chegará o meu tão sonhado e amado bebê!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Muito ódio no miocárdio

Estou passando por um momento de muito ódio no coração. As pessoas são más, crueis e despejam nas outras frustrações que não ousam confessar a si mesmas.
Estou muito chateada com algumas colegas de trabalho, muito chateada com uma "amiga" do marido e com todas as pessoas que desejam coisas ruins para mim e meu bebê.
Por isso, ando sumida, porque tudo o que escrevo sai com rancor, pessimismo e muita raiva. E não queria macular este espaço com palavras tão negativas. (Mas registro o momento porque ele faz parte da minha vida.)
Vou ali respirar fundo e fazer uns adho mukha.
Namastê!