Chicago é uma cidade cosmopolita e, aqui, você encontra gente de tudo quanto é canto do mundo. Muitos, muitos, muitos imigrantes mesmo. Arrisco dizer que metade das pessoas que conheço são nascidas aqui, a outra metade imigrou.
Pois que nessa cidade do mundo também faz um frio dos infernos. Semana passada chegamos a -20 e tantos. Amanhã uma penca de serviços estarão fechados por conta da nevasca que está caindo enquanto escrevo este post. E assim, falar sobre o tempo para puxar papo é sempre maravilhoso, primeiro porque esse é, mundialmente, o tópico número um de quebração de gelo, um terreno bastante seguro para conversar com o cara de Kosovo ou com a moça da Turquia, com a adolescente mexicana ou com o senhorzinho sul-coreano. Segundo, porque aqui, com esse tempo doido e gélido, sempre temos assunto: é nevasca, é tufão, é calor dos infernos, é tornado, é chuva torrencial...
Então, quando entrei na sala de aula naquele dia, minha língua nem precisou se conectar ao cérebro para articular um "nossa, que frio!" em meio a norte-americanos e imigrantes. Responderam todos no mesmo tom - sim, muito frio! nossa, está demais! tomara que melhore logo - e por isso me senti segura. Continuei o papo. Alguém perguntou: ei, de onde você é? E eu: do Brasil. A pessoa: nossa, e veio parar em Chicago? E eu de novo: pois é, vim parar na Chibéria. Norte-americanos riram, uma moça da Moldávia também. Mas uma outra, não. Ela, muito séria, perguntou: é o quê, hein? E eu expliquei: é que aqui é tão frio que o pessoal brinca que é Chibéria, uma mistura de Chicago com Sibéria. E ela, muito espantada: mas a Sibéria não é fria! Todos nós: OOOOOOO (essas são as bocas abertas, depois de os queixos caírem). E ela continuou: é! Eu sou russa e na Sibéria não faz frio, na minha cidade natal chega a -50. Nós de novo: OOOOOOO.
Então, amigxs, porque você continua lendo este blog, agora já sabe que o trocadilho é engraçado, mas só funciona se não tivermos russos nos arredores, porque, afinal, não faz tanto frio assim na Sibéria, como disse a moça que foi a única a não reclamar dos -20 e tantos da semana passada.
Nossa que coincidência ter uma Russa.
ResponderExcluirNão é? Também fiquei impressionada!
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