Eu fui uma jovem selvagem. Tá, nem tanto. Mas fiz minhas besteiras bem besteirudas, daquelas que, hoje em dia, mãe, penso e me arrepio da cabeça aos pés. Que Arthur não faça essas besteiras, oh, céus!
Então que eu cresci, casei, engravidei e pari. Achei que, então, minha vida loka tinha se acabado, que nunca mais eu faria coisas ousadas e temerárias, que minha vida seria um recanto bucólico parnasiano: eu maternando na torre de marfim.
Guarde essa informação.
Você, querida leitora (ou leitor) que usa maquiagem (por motivos profissionais ou pessoais, não importa), lembra-se de quanto foi difícil começar a passar rímel e lápis de olho? No começo, tudo borrava, você piscava bem na hora em que estava com as cerdas do aplicador na última parte dos cílios, e passava num piscar de olhos, literalmente, de femme fatale a ursa panda. É ou não é? Bom, aí você foi lá, insistiu, assistiu a tutoriais, viu a tia se maquiar, conversou com a amiga, assistiu programas na tevê, treinou, treinou, gastou cinco vidros de demaquilante, aprendeu a usar rímel lavável em vez de usar o à prova d'água, e depois de quinze anos consegue se maquiar até em ônibus em movimento?
Amiga, amigo, experimenta se maquiar com o filho escanchado no quadril! Isso é ousadia, isso é selvageria, isso é perigo real e imediato de cegueira ou sufocamento porque o pimpolho engoliu a tampa do lápis de olho!
Bom, mas a ousadia que resgatou em mim os tempos de molecagem marota e inconsequente não parou por aí, não. Não pensem que me dei por satisfeita só por passar make-up com o pequeno a tiracolo! Nem que sagazmente passar perfume sem atingi-lo (embora ele ainda estivesse no meu colo!) foi um feito louco e delirante. Não, queridas e queridos! A insanidade real, que me faz ficar arrepiada da cabeça aos pés só de relembrar o momento foi usar minha caríssima blusa de caxemira BRANCA fazendo tudo isso e, depois, levando o filhote, fã de morangos e blueberries (no colo, claro!), a um JANTAR, com frutinhas, verdurinhas, friturinhas e tudo mais que poderia manchar e destruir para sempre o pouco de dignidade glamorosa que ainda me resta.
Mas, como diria Júlio César (o general romano, não o goleiro): vim, vi e venci! Voltamos, eu, Arthur e a blusa branca de caxemira incólumes para casa.
Quero dizer... Arthur nem tão incólume, já que resolveu mamar na festa, e puxou a blusa, e está até agora parecendo um mini-Gandalf de tanto pelo branco.
E eu achando que meus dias de selvageria tinham-se findado.
Dáblui, dábliu, dábliu, vidaloka ponto com.
Acho eu que a "vida loka" começa mesmo quando a maternidade bate a nossa porta.
ResponderExcluirNão é?
Beijo