E mais uma vez
falhei retumbantemente em registrar mais amiúde esta minha última gestação. Mas
eu me perdoo, pois a vida durante as férias escolares foram intensas e com
rotina pesada.
Em junho minha
mãe chegou por essas bandas e marido viajou por um mês. Se por um lado eu tinha
ajuda, por outro também queria que minha mãe aproveitasse a viagem e conhecesse
lugares bacanas. Fiz alguns passeios legais com ela e acabei tendo um tempo curto
para muitas outras coisas.
Quando marido
voltou de viagem, precisamos resolver diversas burocracias e nos preparar para
a vida MUITO louca que nos aguarda até o fim deste ano: muitas metas, muitas
obrigações, muitas coisas a serem resolvidas e que precisam de cuidado intenso
e imediato. Arrisco dizer que estamos numa daquelas encruzilhadas que definem
os anos vindouros, e se falharmos agora, muitos arrependimentos podem surgir em
nossas vidas.
Mas e a gravidez
de 26 semanas, Ártemis? Foco!
Ah, é. Tô assim
meio avoada de novo. Os hormônios me fazem esquecer detalhes e coisas pouco
importantes (só duas vezes esqueci coisas realmente importantes, mas faz parte,
né?).
Os enjoos
persistem. Agora mais suaves e concentrados à noite, sobretudo se como doces.
Já não tomo remédios tem um bom tempo (desde a semana 20, por aí) e sigo
engordando bem.
Pressão ok, glicose ok (86, medida ótima) – fiz pela primeira vez aquele teste com a bebida que parece um Sprite sem gás e foi tudo bem. Morria de medo porque a galera fala que vomita, que tem queda de pressão, que é uma experiência traumática. Bem, eu fui pronta para o apocalipse zumbi e saí de lá normal, até sem fome. Hehehe
Pressão ok, glicose ok (86, medida ótima) – fiz pela primeira vez aquele teste com a bebida que parece um Sprite sem gás e foi tudo bem. Morria de medo porque a galera fala que vomita, que tem queda de pressão, que é uma experiência traumática. Bem, eu fui pronta para o apocalipse zumbi e saí de lá normal, até sem fome. Hehehe
Por falar em
fome, parece que tem um buraco no meu estômago! Como muitas vezes, muitas
coisas. Às vezes preciso comer várias porções porque dá azia, refluxo e mal
estar, mas o apetite sempre existe. Algumas vezes eu cheguei a ir de madrugada
assaltar a geladeira porque não dava para aguentar esperar o dia chegar para
comer alguma coisa.
Minha barriga está
ENORME. Hoje o pai de um amiguinho do Arthur perguntou para quando era o bebê e
levou um susto quando disse a data prevista. Ela achou que ia nascer em poucas
semanas. Eu também estou muito espantada com essa pança gigante, e na última
consulta (a do teste de glicose) perguntei na cara de pau se a enfermeira tinha
certeza absoluta de que era só um bebê mesmo. Ela disse que sim, que depois de
ter feito a morfológica ela garantia que era só um mesmo. Mas sigo desconfiada.
Este bebê, que é outro menino, como eu já vinha desconfiando, se mexe
muitíssimo! O tempo todo e é comum sentir o movimento em dois, três lugares
diferentes. Não registrei isso com Arthur, mas não tenho a memória de isso ter
acontecido com ele. Minha lembrança é de muitos movimentos lentos, suaves, como
se Arthur passasse o dia todo se espreguiçando ou soluçando na minha barriga.
Este bebê também soluça bastante, mas ele se estica, enfia pezinho ou cotovelo
numa parte da minha barriga que me faz ver estrelinhas e que provoca contrações
de BH, o que acaba gerando mais dor e incômodo, porque a barriga contrai, o
bebê cutuca e eu sinto como se tivesse enfiado a barriga numa quina bem
pontuda. Por falar em cutucadas, outra diferença significativa desta para a
gravidez do Arthur deve-se ao fato de que este segundo filho
chuta/aperta/cutuca minha bexiga e meu intestino. Arthur não fazia isso com
certeza! As sensações de chutes lá na bexiga são inteiramente novas e
surpreendentes para mim. Aliás, a bexiga, nesta gravidez, tem sido bastante
comprimida, e eu levanto de madrugada para fazer xixi, uma coisa que não me
lembro de ter acontecido no segundo trimestre com Arthur.
Por falar em
Arthur, ele tem sido muito carinhoso com o bebê (aka minha barriga), mas tem se
mostrado bastante sensível a respeito da chegada do irmão. O comportamento
varia de agressivo a dependente e ele tem direcionado a raiva que sente por
perder o posto de filho único principalmente a mim. Melhoramos muito com a
retirada da TV (assunto para outro post, prometo), mas ainda estamos trilhando
um caminho de muita paciência e meditação da minha parte, e muito aprendizado da
parte dele. Comprei também uns livros bacanas para este momento, porque
acredito demais no poder da literatura para trabalhar emoções represadas
(assunto para outro post também. Vamos listando!).
Sobre o
atendimento à gestante aqui nos EUA, tenho umas observações.
Por conta de
burocracias e comodidade (a clínica fica a 5 minutos da minha casa, bem ou mal
eu já conheço a equipe), acabei me consultando até agora no mesmo lugar onde
comecei o pré-natal, mesmo sabendo que trocaria de equipe em breve.
A minha última
consulta, com 24+4, foi melhor em termos de conversa com a enfermeira. Eu levei
uma lista de queixas e perguntas e ela foi atenciosa, respondeu a tudo e até mesmo
pediu exames específicos para investigar melhor duas queixas (cansaço – que
poderia ser anemia, mas felizmente não é – e queda de cabelo – que poderia ser
devido a um problema na tireoide, o que, de novo, felizmente não é). Apesar de
ser considerada uma grávida idosa (palavras do meu prontuário médico!), tenho
me mostrado uma grávida bastante saudável, sem qualquer intercorrência séria.
Os enjoos estão chatos, é verdade, e no começo foram até desesperadores, mas
eles não afetaram minha saúde e, pelo que temos acompanhado nas duas US que fiz
e nas auscutas que fazemos a cada consulta, nem a do bebê.
Mas voltando ao
atendimento, vou fazer um post só sobre a ultra morfológica (e devo postar
antes deste texto aqui, só para fins narrativos), porque esse tipo de exame tem
sido completamente diferente das ultras que fiz no Brasil.
A consulta padrão
daqui funciona assim: sou chamada pela técnica de enfermagem, que faz a triagem
inicial – afere pressão, mede temperatura, anota peso e batimentos cardíacos no
meu cartão da gestante – e depois sai, para que a médica ou a enfermeira
obstetriz venham conversar comigo. A médica ou obstetriz chegam e perguntam
como tenho me sentido, se houve sangramento, perda de líquido e se tenho
sentido o bebê mexer. Nessa hora eu desfio meu rosário de dúvidas e queixas e
elas respondem o que conseguem/podem. Perguntas sobre parto são, nesta clínica,
geralmente respondidas de maneira bastante esquisita, com frases tipo “podemos
fazer um parto sem intervenções, se você quiser”, “mais para a frente
conversamos sobre isso”, “não se preocupe com isso agora”, por isso que decidi
trocar de equipe (além disso, conheci duas pessoas que tiveram cesáreas com
desculpas superestranhas com esta equipe: uma desculpa eu não me lembro, mas
acho que era falta de dilatação, a outra foi porque “ficou sem líquido” e o
“parto seco” estava doendo demais). Pois bem, depois das dúvidas e queixas, eu
me deito na cama de exames e escutamos o coraçãozinho do bebê (❤). Se eu precisar de encaminhamento para outro profissional
de saúde, de prescrição de medicamento ou de pedido de exame específico (ultra,
teste de glicose etc.), então a médica ou obstetriz sai da sala para preencher
a papelada e pede para que eu espere ali dentro um pouquinho. Caso contrário,
estou liberada.
A parte emocional
é irrelevante nessas consultas. Elas estão preocupadas em rastrear casos de
depressão em gestantes, mas as ansiedades, medos, angústias e aflições não têm
espaço ali. Acho isso lamentável. Um atendimento humano de verdade passa necessariamente
pelo aspecto emocional da gravidez, para além do bem-estar físico. Por exemplo,
quando reclamei das espinhas, que ainda estão por aqui, cada vez mais
frequentes, maiores e mais doloridas, recebi uma receita de sabonete líquido,
mas nem uma palavra ou pergunta sobre como isso poderia estar impactando minha
auto-estima ou meu conforto emocional. No caso, as espinhas têm sido, sim, algo
difícil para mim, porque elas doem bastante, sobretudo as das costas, e isso
afeta a maneira como encaro a gravidez, meu corpo, as mudanças que venho
observando... Mas para o corpo médico desta clínica, não é um problema porque
eu não estou deprimida por conta das espinhas e nem tendo contrações,
sangramentos ou perda de líquido.
Espero que a
próxima clínica seja melhor e me dê mais respaldo emocional. Vamos ver. Agendei
minha primeira consulta para daqui a uma semana, quarta-feira que vem. E não
poderia deixar de registrar que meu plano cobre transporte! Então, vou pegar
uma carona até a clínica (que fica na cidade vizinha), depois eles me trazem de
volta.
Até lá, sigo com
este bebê superativo pulando na minha barriga e que já conquistou o coração de
todos aqui em casa.
(escrito no fim de agosto)
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