Arthur, agitado, estava atento a todos os barulhos do vizinho. E aqui, o prédio é velho, o piso range, as madeiras das paredes estalam e o pátio interno ecoa todas as portas que se fecham. Ele, então, perguntava a cada minuto:
- É o papai?
Não era. Eu sabia que não era. Mas o pequeno, não.
Ficou agitado, ansioso, atento. Foram umas quinze perguntas até que eu decidisse fazer um tour noturno pela casa, para mostrar ao filhote que não havia ninguém em casa e que os barulhos que ele escutava vinham dos vizinhos. Ele topou, pulou para o meu colo e assim fomos:
- Viu, filho? Aqui a cozinha toda apagada. E não tem ninguém. O papai ainda está no trabalho. Olha a sala, ninguém, tudo escuro. Somos só eu e você. Banheiro, quarto, armário. Viu? Ninguém. Agora, vamos dar tchau para a casa e vamos dormir.
Começamos pelo quarto dele:
- Tchau, brinquedos. Tchau, caixa de papelão. Tchau, janela.
Ele ria, divertindo-se.
- Tchau, sofá. Tchau, estante. Tchau, poltrona.
Chegamos à cozinha, último cômodo antes de entrarmos no quarto. Tudo escuro. Nós dois sozinhos. Tudo em silêncio.
- Tchau, geladeira. Tchau, fogão.
- Mamãe?
- Oi, filho?
- E praquele moço ali? A gente também pode dar tchau?
- Vamos dormir, Arthur. Vamos!
uahauahuahua [risada de bruxa]
Se fosse meu Francisco fazendo isso eu até ficaria mole de medo. Sou muito cagona. Espero que não vire rotina por aí, moços que só crianças enxergam.
ResponderExcluir