Se existe uma coisa diferente, bem diferente, ultra diferente na Bélgica é o lixo.
Nada de caçambas ultra-modernas ou inovações nas latas, mas coleta seletiva aqui é uma coisa levada a sério. Muito a sério.
Antes de continuar, peço licença para uma digressão autobiográfica.
Fui criada nos anos 80/90 e coleta seletiva era uma curiosidade na aula de ciências. Lá em casa, lixo era lixo. Coleta seletiva de fato, só quando alguém recolhia um parafuso no meio da rua para guardar "em caso de necessidade" ou quando a escola pedia sucata para fazer algum tipo de projeto de arte.
Nos EUA existe coleta seletiva, e foi lá - confesso com algum eco-constrangimento retroativo - que comecei a separar o que recicla do que não recicla. Minha melhor amiga vive em um esquema alternativo de habitação nos EUA e separa o reciclável, o não reciclável e o orgânico, que vai para a composteira virar adubo. Eu ainda não cheguei a esse nível. Admiro, entendo a preocupação, mas - confesso de novo - morro de nojo daqueles restos de comida fedorentos morando embaixo da pia.
Bom, aí eu vim morar na Bélgica.
[pausa dramática]
Se você está vindo morar aqui, meu conselho é: aprenda sobre o lixo. Que aprender holandês! Que se preparar para o frio, para uma realidade diferente! Que procurar saber sobre a cultura local! O que você precisa aprender agora, já, imediatamente é a separar o lixo certinho. Ah, e é claro, as siglas para os nomes (em holandês) dos grupos de materiais recicláveis.
São nada mais, nada menos que CINCO latas de lixo, fora a coleta seletiva de materiais especiais, como pilhas e baterias e outras quinquilharias. Dentro do nosso imenso quarto-e-sala temos que arrumar lugar para CINCO latinhas de lixo, que depois descem para as latonas de lixo do prédio, que depois são deixadas (só as sacolas, sem as latas) em frente à portaria do prédio nos dias certos da semana. Felizmente, temos quem cuida disso aqui no prédio e não precisei aprender os dias das coletas, mas dentro de casa eu preciso separar e lavar tudo direitinho. Temos um lixo para materiais orgânicos compostáveis, um para plástico e tetrapak, um para papel, um para vidro e um para lixo não reciclável. Perto daqui, mas já em outra cidade, tem uma sexta lixeira, para metais, que aqui vão dentro do lixo comum, segundo a vizinha, nativa, que me explicou pacientemente essa complexa realidade lixesca. É que cada cidade tem suas regras de coleta, dias de coleta e pontos de coleta. Reza a lenda que em Bruxelas as pessoas ganham uma advertência se entregam o lixo na data errada, e que já teve gente em outra cidade aqui perto que recebeu o lixo de volta porque não estava separado de maneira correta. Também ouvi uma história, que não consegui confirmar ainda, de que na mesma Bruxelas da advertência, o lixo é pesado e você tem uma cota mensal, que não pode ser ultrapassada sob pena de multa.
Confesso que depois do susto inicial, agora as coisas já não são mais tão misteriosas assim e fora uma ou outra coisa, eu nem preciso mais ler a embalagem para descobrir em qual latinha jogar meu lixo.
Então, fica a dica: se vier para a Bélgica, dá uma pesquisada de leve sobre coleta seletiva de lixo, porque aprender sobre isso sob a influência do fuso e os humores ébrios não é nada fácil.
A jovem Mariana decidiu que iria separar seu lixo depois de um documentário traumático na aula de Biologia, comprou briga com a mãe. Papel, plástico, lixo orgânico e o resto.
ResponderExcluirNo dia da coleta o gari pegou meus saquinhos e jogou tudo no caminhão, prensou tudo junto e acabou meu sonho de lixo organizado.
Deu certa inveja do lixo belga organizado, não vou negar.
ahahhaha
Excluirdesculpe, mas eu ri.
realmente coleta seletiva precisa da colaboração de muita gente, inclusive da empresa que coleta o lixo, né?
bjs