Alguns nomes que surgiram na discussão eram bem furados, como Feliph (isso não funciona aqui nos EUA, precisaria ser Philipe) ou Tiago (para quem não sabe, Tiago em inglês é James, e Guilherme é William). Mas outros eram bem factíveis, como Oliver/Olivia, Sophia, Vivian e Noah.
Se você está nesse dilema, vou dar meus pitacos furados aqui embaixo para ver se ajudo.
Se você está nesse dilema, vou dar meus pitacos furados aqui embaixo para ver se ajudo.
O português e o inglês são línguas bastante diferentes. Isso porque a raiz comum entre eles data de muito tempo atrás. O indo-europeu deu origem à maioria das línguas faladas na Europa (e suas posteriores colônias), no Irã e no norte da Índia, mas, certamente, depois de mais de 5 mil anos de diferenciação linguística, as semelhanças que todas essas línguas modernas guardam entre si é pequena. Por que estou falando isso? Porque apesar de o português ter uma origem em comum com o inglês, fazemos parte de dois grupos diferentes: o inglês é uma língua germânica (assim como o alemão, por exemplo) e o português é uma língua neolatina (prima do francês, italiano, espanhol e romance). Dito isto, friso que é praticamente impossível haver um nome que seja exatamente igual, em termos de pronúncia e de grafia, em ambas as línguas. O que temos são nomes cuja grafia pode ser aceita em ambas as línguas ou nomes que não soam estranhos porque foram popularizados pela cultura .
Noah é, para mim, um dos melhores exemplos de como um nome estrangeiro pode ser bem aceito no Brasil. Noah existe em português: Noé. Mas por questões culturais, Noah passou a ser um nome "novo", inclusive muita gente nem sabe que é a tradução de Noé. Alguns outros exemplos de nomes importados que acabaram interpretados como nomes "novos", diferentes de suas traduções, são o já citado James (Tiago) e Elisabeth (Isabel).
Arthur é um bom exemplo de como a grafia estrageira pode ser bem aceita. Em português não temos o som do TH, como no inglês. Como no português o H é mudo, o que fazemos ao ver o TH (assim como acontece com outros nomes, feito Thiago, Nathalia, Martha ou Thomas) é justamente ignorar a letra e entendê-la como um "enfeite". Essa aceitação da grafia diferente acontece também com os nomes Sophia (não temos mais o PH com som de F, como tínhamos até pouco tempo atrás), Olivia (que pelas regras do português culto padrão deveria receber um acento), Thomas (que deveria, pelas regras, ser Tomaz ou Tomás) e Vivian (que deveria receber M ao final). Na verdade, os exemplos são muitos! O Brasil tende a ser bastante flexível, sobretudo se comparado a Portugal, no que diz respeito a aceitar a grafia não aportuguesada dos nomes. Contudo, alguns nomes foram estigmatizados como sendo "de pobre" por questões culturais complexas que não conseguirei explicar aqui. Quero frisar que não compactuo com este preconceito, viu? Por isso, não listarei nome algum que possa ter recebido o estigma.
A mudança da pronúncia é um caso mais complexo que a grafia, porque acontece e é praticamente impossível de ser evitada na dupla inglês-português. Temos maneiras diferentes de dar ênfase às sílabas e questões fonológicas que influenciam diretamente a ortoépia (modo como as palavras são pronunciadas). Para ficar mais claro, basta pensarmos nos nomes da vogais em inglês. São completamente diferentes do português, então será praticamente impossível termos grafia+pronúncia coincidindo.
Arthur, em casa, se chama "Artú"; já na rua, ele é "Árthur" (com o som do TH e os Rs norte-americanos, claro). O mesmo acontece com nomes já citados aqui e cuja pronúncia muda consideravelmente: Elisabeth (Elizabete X Elízabeth), Thomas (Tomás X Thômas), Philipe (Filípi X Fêlip), Julia (Júlha X Djúlia), Daniel (Daniél X Dêniel), Laura (Láura X Lóra), Benjamin (que deveria ser grafado Benjamim, segundo as regras do português: Benjámim X Bênjamin), Sarah (Sára X Sérah) etc.
Na minha breve experiência aqui, os norte-americanos não costumam ser muito resistentes a nomes "diferentes". Mas vale prestar muita atenção nos equivalentes aos nomes em espanhol, porque alguns deles são bastante populares por aqui. Lembrando ainda que: 1) os mexicanos são a maioria dos imigrantes, atualmente; 2) o espanhol é uma língua MUITO falada aqui; 3) muita gente não sabe MESMO que no Brasil se fala português em vez de espanhol; 4) mesmo que saibam, muitas vezes os anglófonos podem ter dificuldades de compreender o que falamos (assim como nós a eles) e preencherem a lacuna de compreensão com algo que eles já conhecem. Arthur aqui ficou Árthur mesmo porque em espanhol Arthur é Arturo, e eu não curto. Se for para chamar de um modo diferente, que pelo menos seja um que eu não precise soletrar - um trabalho a menos, né? Outra dica importante é que eles não conseguem fazer a nasal do ÃO. Portanto, nomes como João ou Sebastião vão ser pronunciados errado para todo o sempre, amém.
Segue abaixo uma listinha com nomes de meninos e meninas que vão funcionar minimamente nas duas línguas.
Legenda: * mudança na pronúncia
# grafia diferente em português
Nome em inglês (nome em português)
Legenda: * mudança na pronúncia
# grafia diferente em português
Nome em inglês (nome em português)
Alex*
Arthur *# (Artur)
Bruce
Daniel *
David*# (Davi)
Douglas
Erik/Erick/Eric *# (Éric)
Gabriel *
George# (Jorge)
Ian*
Jonas
Jonathan*
Kevin
Logan
Luca
Max*
Luke*# (Lucas)
Martin *# (Martim)
Nathan *# (Natan)
Nicholas *# (Nícolas)
Noel *
Oliver *
Oscar *
Philip # (Felipe)
Robin*
Roger *# (Rogério)
Samuel *
Sidney/Sydney *# (Sidnei)
Thomas *# (Tomás/Tomaz)
Victor *# (Vítor)
Abgail *
Agnes *
Alice *
Amanda *
Amanda *
Angela *
Bernadette *# (Bernadete)
Brenda
Charlotte *# (Charlote)
Chloe *# (Cloé)
Cleo *# (Cléo)
Christina *# (Cristina)
Claudia *# (Cláudia)
Daisy # (Deise)
Deborah *# (Débora)
Diana *
Denise *
Doris # (Dóris)
Elaine *
Eliza *
Elizabeth *# (Elizabete)
Erica *# (Érica)
Erin *
Eunice *
Geraldine *
Glenda
Grace *# (Greice ou Graça)
Helen *# (Helena)
Hilda *
Ingrid
Iris *# (Íris)
Isabel/Isabella # (Isabela)
Jacqueline # (Jaqueline)
E você? Como escolheu o nome dx filhote? Tem alguma sugestão para ser acrescentada aqui?
Passamos exatamente por essa questão quando estava grávida. A regra era: tem que funcionar em português E inglês (e se, de quebra, funcionar em espanhol e francês, melhor ainda!)
ResponderExcluirNo mundo globalizado de hoje, acho importante ter um nome que "funcione" em várias línguas sem mudanças significativas na pronúncia. Na época, Arthur era um dos nossos top 5 de menino (junto com Nicholas).
Tem alguns nomes que as pessoas acabam traduzindo mesmo (algo que acho bem babaquinha... na aula de espanhol aqui, por exemplo, minha professora queria que me chamassem de "Helena"... e acho estranhíssimo quando vejo "Príncipe Guillermo" nas revistas espanhois quando o assunto é principe William...)
O que vejo com frequência é as pessoas pronunciando o nome com a língua local (Thiago, por exemplo, acabam pronunciando "tái-ei-gou" até alguém explicar que é tchi-ah-go) ao invés de traduzirem mesmo.
eu pensava sempre em escolher nomes bilingues, mas acabou que a escolha foi por acaso. Bryan é um nome bilíngue. Tudo bem que aqui no Brasil eles não enfeitam a pronúncia, mas funciona rs
ResponderExcluirE Isabela também é bilíngue.
Eu já pensei em colocar Joshua, mas aqui no Brasil seria complicado falarem. Então penso em Nicolas, caso tenha outro menino. Se for menina não faço ideia rs
Meu nome também é bilíngue, igual Bruno, nome do meu esposo.
Bjos
Quando tivermos que decidir nomes teremos embate, eu e marido discordamos demais... hehe.
ResponderExcluirAhhh adorei o post! Eu e marido já debatemos muito sobre isso, e chegamos a essa conclusão: optaremos por nomes que são facilmente pronunciados pelo mundo.
ResponderExcluirNa verdade, já escolhemos né... e, por coincidência, estão ai nesse texto tanto nosso nome de biscoitinho quanto nosso nome de biscoitinha =D
Já tinha parado pra pensar em nomes que soariam fácil em português e inglês, por isso gostei da sua lista. Meu nome por exemplo, é trilíngue (Francine)... originalmente ele é Francês, mas é facilmente lido em inglês e português. Isso me ajudou muito no trabalho, já que tenho interação com pessoas do mundo todo, e eles não tem dificuldades para ler esse nome.
ResponderExcluirOutro motivo para se preocupar com a pronuncia dos nomes é quando a família tem origem de outro país. Apesar de ser facilmente lido em inglês, um japonês teria dificuldade para ler o meu nome, já que o som "fra" não existe para eles... ficaria algo como "furancini".
E assim vai... :)
Beijos